PRESERVAÇÃO

Poluição ameaça sobrevivência de tainhas e guaiamuns

Pesquisa de biólogos da UFPE no estuário de cinco rios constatou alteração no DNA dessas espécies

Claudia Parente
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Claudia Parente
Publicado em 22/11/2015 às 7:30
Fernando da Hora/ JC Imagem
Pesquisa de biólogos da UFPE no estuário de cinco rios constatou alteração no DNA dessas espécies - FOTO: Fernando da Hora/ JC Imagem
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A degradação ambiental está ameaçando a sobrevivência de duas espécies muito apreciadas pela culinária pernambucana. Uma pesquisa feita por biólogos do Laboratório de Genômica Evolutiva e Ambiental da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no estuário dos Rios Capibaribe, Goiana, Jaguaribe, Sirinhaém e Formoso comprovou alteração no DNA da tainha e do guaiamum, causados pelo despejo de resíduos na água.

A bióloga Mônica Adam explica que a pesquisa nos estuários foi motivada pela denúncia de pescadores de que as tainhas estariam escasseando nos rios. “Eles relataram que os peixes estavam menores e apresentando uma coloração diferente. Em vez de rosa, a musculatura parecia cinza”, conta. Sobre os guaiamuns, houve queixas de redução da população e também do tamanho.

O estudo analisou três mil células de cada indivíduo (foram coletadas dez das duas espécies em cada estuário) para verificar se havia danos genéticos, fato constatado pelo grande número de micronúcleos encontrados. “A taxa normal é de três a cinco micronúcleos para cada mil células. Achamos indivíduo com 14”, relata a bióloga. Ela acrescenta que o teste de eletroforese, no qual o dano se manifesta como a imagem de um cometa, com o núcleo da célula todo espalhado, também comprovou a alteração no DNA dos peixes e guaiamuns.

Esse não é o primeiro alerta do laboratório sobre a ameaça que paira sobre essas espécies. Há quatro anos, a bióloga e sua equipe pesquisaram o impacto da urbanização nas praias do Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes, comprovando que a poluição estava afetando o DNA das tainhas. Outro estudo com guaiamuns, divulgado dois anos depois, resultou em conclusão semelhante. “Agora estamos vendo as consequências dessa poluição, com a redução dos peixes e guaiamuns”, ressalta Mônica Adam.

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