Numa tentativa de coibir o desmatamento da mata atlântica no Grande Recife, foi realizada, ontem, uma grande operação em uma reserva de 31,6 mil hectares da Área de Preservação Ambiental Aldeia-Beberibe. Além de punir quem está prejudicando a natureza, a ação pretendeu chamar a atenção de moradores e empreendedores da região para não devastarem o meio ambiente. Também serviu para estimular a população a denunciar irregularidades.
Exploração de minerais sem autorização, queimadas, retirada de madeiras e intervenções em nascentes de rio foram alguns dos problemas observados na ação, coordenada pela Prefeitura de Camaragibe e Fórum Socioambiental de Aldeia. Houve apreensão de maquinário, de armas e aves, além da detenção de cinco homens. A APA se extende pelas cidades de Camaragibe, Recife, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu, Araçoiaba, São Lourenço da Mata e Paudalho.
A ação contou com cerca de 90 pessoas de 10 órgãos. Fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), da Secretaria de Meio Ambiente de Pernambuco e da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) participaram, além das Brigadas Ambientais de Camaragibe, Recife e Igarassu. “A APA Aldeia-Beberibe funciona como o pulmão do Grande Recife. Essa ação é para dar um basta na degradação do meio ambiente e mostrar a população que estamos fiscalizando”, destacou o secretário de Segurança Cidadã e Mobilidade de Camaragibe, Luiz Meira.
Um helicóptero da Secretaria de Defesa Social e policiais militares do 20º Batalhão deram retaguarda. Seis equipes visitaram 12 pontos. Em duas mineradoras, localizadas na zona de rural de Paudalho, na comunidade Chã de Conselho, fiscais encontraram escavadeiras extraindo argila. Em uma delas, dois homens abandonaram o veículo e fugiram ao ver a polícia. PMs que estavam na aeronave chegaram a soltar bombas que expeliram fumaça para contê-los, sem sucesso. A dupla sumiu na mata.
Na segunda mineradora, chamada Bicopeba, agentes do Ibama identificaram que a empresa tem licença da CPRH, mas estava explorando argila além da área autorizada. Por isso houve autuação, embargo das atividades e apreensão de máquinas. Em outro ponto, no Chã de Peroba, fiscais encontraram uma plantação de bananas em um terreno de propriedade da Prefeitura de Camaragibe. Ao perceber a ação, o caseiro fugiu.
“Chegamos a esse local a partir da denúncia de um morador. É uma área que foi doada à prefeitura como forma de compensação pela construção de um condomínio. As bananeiras serão derrubadas e as frutas doadas para creches municipais. Faremos o reflorestamento da área”, explicou a secretária de Meio Ambiente de Camaragibe, Juliana Boudoux.
Para o presidente do Fórum Socioambiental de Aldeia, Herbert Tejo, dois aspectos positivos da ação foram responder as denúncias da sociedade e motivar a continuação de fiscalizações.