Os recifes de corais não são somente coloridas colônias de invertebrados que se destacam na paisagem marinha do Nordeste e de milhares de quilômetros de mares mundo afora. Esses ecossistemas de grande biodiversidade também podem ser a resposta para muitas moléstias. No ano passado, pesquisadores americanos identificaram em corais australianos um grupo de proteínas que mostrou impressionante ação contra o vírus HIV. Seguindo a linha, o Laboratório de Ambientes Recifais (LAR) da Universidade Federal Rural de Pernambuco está tentando isolar uma substância presente nos zoantídeos (parente próximo do coral), comuns no litoral pernambucano, para descobrir que uso pode ter na medicina.
“Depois de isolarmos, vamos fazer testes biológicos para identificar possíveis aplicações dessa molécula como fármaco. Nosso objetivo é encontrar substâncias capazes de tratar bacterioses, viroses e até mesmo o câncer”, adianta a bióloga Fernanda Duarte, coordenadora e fundadora do LAR, que comemorou 20 anos este ano. “Organismos marinhos são muito importantes na produção de novos medicamentos”, ressalta.
Fernanda e seus alunos estão fazendo testes periódicos de toxicidade em todos os extratos do zoantídeo Palythoa caribaeorum, conhecido como “baba de boi” por possuir um muco que o protege da dissecação quando está exposto ao sol na maré baixa. Os zoantídeos fazem parte do filo cnidaria, animais que “queimam” como a caravela e a água-viva. “Eles produzem essas substâncias tóxicas para se proteger de predadores”, explica. A coleta do material foi feita na Praia de Serrambi, Litoral Sul, e a pesquisa deve terminar em dois anos.