Mais que saudável, uma alimentação pode ser sustentável. Essa é uma das questões a serem debatidas, nesta quinta, na XXIII Reunião da Rede Brasileira de Jardins Botânicos (RBJB), que acontece até sábado, no Forte das Cinco Pontas, Centro do Recife. As plantas alimentícias não convencionais (PANC'S) são tema de palestra da engenheira agrônoma Vera Bastos, do Museu Emilio Goeldi, em Belém (PA).
A instituição mantém programas (e até um Festival de Gastronomia Inteligente) de conscientização e resgate de hábitos alimentares, sob coordenação da pediatra e nutróloga Clara Brandão, idealizadora da multimistura usada pela Pastoral da Criança que salvou muitas da desnutrição.
“Procuramos manter o paladar de cada região, incorporando alimentos não-convencionais de alto valor nutritivo e custo baixo. Muitos podem ser triturados numa farofa, como a folha da mandioca”, explica Vera. “É possível fazer um caldo verde bastante nutritivo com folhas de abóbora e tostar as sementes, que são vermífugas”.
Bancos de germoplasma – que preservam sementes e espécies nativas, raras e ameaçadas de extinção – foram alvo de debate nesta quarta. “Criamos o do Recife há 11 meses e já temos mais de 50 espécies preservadas, como a aroeira-preta e o jacarandá-branco, ambos em extinção. Também há espécies de umbu, seriguela e cajá, entre outras”, informa um dos coordenadores do banco, Bruno Leal. “O objetivo é preservar a semente, conservando seu poder germinativo a longo prazo”.
Para isso, as sementes são acondicionadas em vidro e mantidas a uma temperatura que varia entre 15 e 20 graus. “Algumas são recalcitrantes, perdem a umidade em um período de três meses, nesses casos nós fazemos as mudas”, explica. “O material pode ser solicitado por outros jardins botânicos e também vão para as unidades de conservação do Recife, podendo serem utilizadas em plantio na cidade”.
O banco possibilitou ao Jardim Botânico do Recife fosse elevado da categoria C para a A em 2015, passando a integrar um seleto grupo. São A também Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Porto Alegre. A classificação é feita pelo Ministério do Meio Ambiente e leva em conta, entre outros critérios, existência de corpo técnico, biblioteca, coleções científicas catalogadas e revista especializada. “Isso abre as portas para fomento e reconhece o nosso trabalho. Só temos avançado”.
A reunião, aberta ao público, oferece ainda duas oficinas, na sexta-feira (18), uma pela manhã e outra à tarde. Intituladas “Conceitos e Metodologia para o Planejamento Físico e Desenho da Paisagem nos Jardins Botânicos: masterplan” e “Conceitos, Oportunidades, Criação, Implantação e Gestão de Borboletários em Jardins Botânicos”, acontecem às 11h e às 15h45, respectivamente. As inscrições são feitas no local.
8h30 – Palestra : Conservação da Flora e Patrimônio : Conhecimento Erudito|Jardins Históricos
Ana Rita Sá Carneiro - Laboratório da Paisagem - UFPE
10h - Café
10h30 – Mesa/Apresentação da Proposta Grupo de Estudo da RBJB para os Jardins Históricos Brasileiros
12h30 – Almoço
14h - Palestra : Saberes tradicionais e Conservação da Biodiversidade: conhecimento Popular , Usos e Costumes
15h30 – Café
15h45 - Painel/ Vivência - Festival Gastronomia Inteligente | Plantas Alimentícias Não
Convencionais | Banco de Sementes em Comunidades Tradicionais | Pontos de Memória
18h - Encerramento
19h30 – Jantar de Confraternização
Sexta, 18 de março de 2016
8h30 – O que são e como podem ser os Jardins Botânicos - Apresentação de cases sobre o que são e como podem ser os JB's, reunindo empreendedores, jardins novos e em formação, e a experiência dos jardins reclassificados no SNRJB
10h45 - Café
11h – Oficina 01*
Conceitos e Metodologia para o Planejamento Físico e Desenho da Paisagem nos Jardins Botânicos: masterplan
12h – Almoço
13h30 – Coleções Particulares | Coleções Especiais Palmetum do shopping RioMar | Recife
15h30 - Café
15h45 – Oficina 02*
Conceitos, Oportunidades, Criação , Implantação e Gestão de Borboletários em Jardins Botânicos.
18h Encerramento
19h30 – Programação Cultural
Sábado, 19 de março de 2016
8h30 – Visita Técnica ao Jardim Botânico do Recife*