Preservação

Especialistas pedem proteção para o Antártico no Dia dos Pinguins

Os pinguins da Antártica são particularmente vulneráveis às mudanças climáticas porque a perda de gelo marinho afeta seu habitat

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Publicado em 25/04/2017 às 17:49
Foto: John B. WELLER / THE PEW CHARITABLE TRUSTS / AFP
Os pinguins da Antártica são particularmente vulneráveis às mudanças climáticas porque a perda de gelo marinho afeta seu habitat - FOTO: Foto: John B. WELLER / THE PEW CHARITABLE TRUSTS / AFP
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Os pinguins estão diretamente ameaçados pelo aquecimento global, que modifica seu habitat e seus recursos alimentares, alertaram nesta terça-feira (25) vários cientistas por ocasião do Dia Mundial dos Pinguins, pedindo uma maior proteção para o Antártico.

"Os pinguins são excelentes embaixadores para que compreendamos a necessidade de proteger os recursos do Oceano Antártico", declarou à AFP Christian Reiss, biólogo da Agência de Observação Oceânica e Atmosférica americana. "São espécies emblemáticas deste ecossistema e o futuro de sua população depende de uma gestão eficaz de seu ecossistema e da compreensão do papel do aquecimento global e dos impactos humanos", acrescentou.

Um estudo de 2015 do Pew Charitable Trust, uma organização americana, afirma que dois terços das 18 espécies de pinguins do planeta, das Galápagos até a Antártica, estão em declínio. Os pinguins da Antártica são particularmente vulneráveis às mudanças climáticas porque a perda de gelo marinho afeta seu habitat (as crias estão acostumadas à neve, mas não à chuva) e porque o aquecimento da água influi na abundância de seus alimentos.

Também estão ameaçados pela pesca excessiva do krill antártico, um pequeno crustáceo do qual se alimentam os pinguins, assim como pela poluição e a degradação de seus locais de reprodução. Segundo a lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), somente dois tipos - o pinguim de adélia e o pinguim rei - estão conseguindo aumentar sua população.

Luta para se adaptar

Os pinguins passam a maior parte da sua vida no mar, apesar de voltarem para terra para se reproduzir e cuidar de suas crias, o que os torna acessíveis aos pesquisadores. "Sabemos que o aquecimento global modifica radicalmente o meio ambiente na Antártica e que os animais dos ecossistemas do Oceano Ártico lutam para se adaptar", explica Cassandra Brooks, especialista em pinguins da Universidade de Stanford. "Os cientistas devem continuar trabalhando para estudar as interações complexas entre mudanças climáticas e população de pinguins", acrescenta.

Depois de anos de negociações, os 25 membros da Convenção para a Conservação dos Recursos Marinhos Antárticos (CCRVMA) conseguiram um acordo em outubro para criar o maior santuário marinho do mundo no continente. Segundo o projeto, apresentado pelos Estados Unidos e a Nova Zelândia, a zona protegida abrangerá o Mar de Ross, uma imensa baía junto ao Pacífico.

A zona tem mais de 1,55 milhão de quilômetros quadrados, mais o menos o triplo da superfície da Espanha, ou o equivalente às superfícies somadas do Peru e Equador. Este mar é um dos últimos ecossistemas intactos do mundo, lar de pinguins, focas, baleias, merluzas antárticas e grande quantidade de krill, o alimento principal de muitas espécies.

Os cientistas consideram crucial estudar como esses ecossistemas funcionam, assim como compreender o impacto das mudanças climáticas no oceano. "A rede de zonas marinhas protegidas", onde a pesca e a captura são proibidas, "pode ajudar na sobrevivência de pinguins no futuro" afirma Brooks. A CCRVMA realizará no próximo mês de outubro sua reunião anual, em Hobart (Austrália).

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