Enem 2017

Enem: tema de redação era abordado há quatro anos por professor do Recife

Entre os assuntos, Alex abordou desafios como o preconceito, as escolas sem intérprete, a falta de qualificação dos professores

Vinícius Barros
Cadastrado por
Vinícius Barros
Publicado em 07/11/2017 às 12:18
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
FOTO: Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Leitura:

Alvo de grande polêmica no primeiro domingo de provas, o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017, que tratou sobre os desafios para a formação educacional de surdos no Brasil, dividiu opiniões e surpreendeu estudantes pelo País.

No entanto, o professor e intérprete de libras Alex Inácio já estava bem precavido para este tema. Segundo ele, o assunto já faz parte de suas aulas há pelo menos quatro anos. "Como o Enem tem o perfil de trabalhar questões culturais e sociais na prova de Linguagem, esse assunto era mais que pertinente, iria ser abordado em alguma edição da prova.
Isso já era certo para mim, só não sabia quando", afirmou.

Entre os tópicos desse tema, Alex abordou o processo de inclusão e desafios como o preconceito, as escolas sem intérprete, a falta de qualificação dos professores e a ausência de projetos de conscientização.

Sobre a polêmica, o professor discorda dos que disseram ser muito específico. "O tema atende a coerência do Enem em trazer à luz assuntos que geram problemas sociais, mais especificamente de convivência. Isso aconteceu com o tema sobre a mulher e sobre religião, o que torna a questão do surdo algo completamente pertinente", explicou.

Letícia Evangelista, uma das alunas do curso preparatório, recordou do assunto visto em sala durante a redação. "Quando vi lembrei logo de Alex e como ele retratou os desafios dos surdos, os direitos deles muitas vezes negligenciados e da importância em saber libras", comentou.

Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
- Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
- Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
- Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
- Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
- Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
- Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
- Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
- Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
- Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
- Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

A estudante de 19 anos, candidata ao curso de medicina, ressaltou que a falta de profissionais acarreta em dificuldades para os surdos entrarem em universidades e no mercado de trabalho.

Ela destacou ainda os ensinamentos do professor sobre como o processo deve ser feito nas escolas. "É importante que a inclusão deles (os surdos) seja feita com os demais alunos e não se crie uma escola separada, pois só estaria segregando ainda mais", destacou.

A deficiente auditiva oralizada Thaís, que teve aulas com Alex até o mês de junho, também elogiou o método do professor. "As aulas dele são boas porque ele sempre trabalha com questões de interpretação de texto, contextualizando os assuntos de Língua Portuguesa, assim como são cobrados no ENEM."

Perspectivas

Devido ao espaço dado pela prova ao tema, Alex espera maior visibilidade aos desafios enfrentados por esse grupo. "Há uma visão de que é problema deles uma escola ou empresa não terem condições de acessibilidade - o que, na verdade, não é, afinal, por lei, são os locais que devem se adaptar à necessidade deles. Além disso, ganha-se uma visão de empoderamento, pois eles se sentiram notados, o que ajudará em causas pelas quais, há tanto tempo, eles lutam, como a legenda em filmes nacionais, por exemplo", completou.

Últimas notícias