Para o ministro da Educação, o pernambucano Mendonça Filho, melhorar os indicadores de alfabetização no País e assegurar que as crianças aprendam a ler e escrever até os 8 anos, quando concluírem o 2º ano do ensino fundamental, são ações essenciais para promover mudanças em todas as etapas da educação brasileira. Durante seminário realizado nesta sexta-feira (01) pelo Sistema Jornal do Commercio em Caruaru, no Agreste, ele disse que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) será lançada ainda este mês.
JC – Como o senhor avalia a etapa inicial da educação básica no Brasil?
MENDONÇA FILHO – Os indicadores de desempenho em termos de alfabetização no Brasil são bastante críticos. A gente tem um quadro geral que coloca o País com um número enorme de mais de 50% das crianças com resultado insuficiente, tanto em leitura quanto em escrita, e também em matemática no 3º ano do ensino fundamental. É um problema muito sério. A alfabetização é a base de toda a educação. Uma criança mal alfabetizada compromete, a rigor, o seu desempenho ao longo do ensino fundamental e depois no ensino médio. Resolver a questão da alfabetização na idade certa, com qualidade, com certeza, é a chave para uma mudança substancial em todas as etapas da educação brasileira.
JC – Isso tem que ser feito com urgência?
MENDONÇA – Sim. A gente corre atrás desse objetivo com atraso. Temos exemplos nacionais de boas práticas na alfabetização, como é o caso de Sobral, no Ceará. Pernambuco é referência no ensino médio e inspirou outras iniciativas no País. Espero que esse evento em Caruaru signifique um novo momento na educação do Estado. Espero que a experiência de Sobral se espalhe por Pernambuco e pelo Brasil. Infelizmente os indicadores do Estado na última Avaliação Nacional de Alfabetização, a ANA, não são positivos.
JC – Como o Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa, o Pnaic, contribui para melhorar a alfabetização das crianças?
MENDONÇA – O Pnaic já funciona. É incorporado pelo MEC a partir da experiência cearense. A nossa luta agora é melhorar o desempenho do programa. É fazer com que a gente tenha alfabetizadores mais preparados, melhor capacitados, com uma mobilização dos prefeitos e das secretarias de Educação. Para que possamos mudar o caminho da alfabetização no Brasil.
JC– O que muda no Pnaic?
MENDONÇA – Toda a orientação nossa no MEC é de buscar as correções de rumo e proporcionar mais eficácia ao programa. Criamos a figura do assistente de alfabetizador, que vai atuar na missão de melhorar o desempenho das escolas no Brasil. Vamos monitorar mais as ações, buscando maior participação dos Estados. No caso do Ceará, por exemplo, é notório que parte do sucesso na alfabetização se deve também, e principalmente, à liderança estadual.
JC– Quando esses assistentes estarão atuando nas escolas?
MENDONÇA – A partir dos primeiros editais, previstos para o início de 2018. Todo o formato do Pibid (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) vai levar em consideração a residência pedagógica como um instrumento novo, para que tenhamos melhores professores em sala de aula. A experiência prática na sala de aula será um diferencial para que o professor também tenha um bom desempenho para levar o conhecimento às nossas crianças.
JC – Já há definição da quantidade de vagas por Estado?
MENDONÇA – Isso vai constar nos editais. Serão consideradas a demanda e a relação proporcional ao número de estudantes e professores.
JC– A nova Base Nacional Comum Curricular, quando sairá?
MENDONÇA – Ficará pronta agora em dezembro, espero homologar antes do Natal. Está no Conselho Nacional de Educação. Diz respeito à educação infantil e aos nove anos do ensino fundamental. Será importante para orientar os municípios e Estados a elaborarem seus currículos. A base do ensino médio deve sair no primeiro quadrimestre do próximo ano.