Atualizada às 15h15
A polícia investiga a depredação e incêndio ocorridos em um terreiro de candomblé na madrugada da segunda-feira, dia 1º de abril, em Goiana, na Zona da Mata Norte pernambucana. O local de culto à entidade Jurema teve suas dependências tomadas pelas chamas e várias imagens sagradas foram quebradas. O responsável pelo terreiro é o babalorixá conhecido como Pai Dedo.
Pai Dedo acredita que foi vítima de racismo e intolerância religiosa. Ele contou que apesar de deixar o terreiro em escombros, os bandidos não levaram nenhum objeto de valor. No local, havia geladeira, televisão, botijão de gás, joias e peças valiosas.
Na porta da casa, duas fitas zebradas demarcam o isolamento feito pela polícia. Em uma dependência chamada 'Quarto da Jurema', diversos objetos foram incinerados, mas a 'mesa da Jurema' ficou intacta. A televisão teve seu visor partido, partes de plástico da geladeira ficaram completamente derretidas, bacias plásticas deformadas. O teto do imóvel estava escurecido pela fumaça do incêndio.
O caso ganhou a atenção do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa, que enviou seu representante local, Alexandre L'Omi L'Odó para reconhecer a situação de Pai Dedo. "Nós consideremos esse caso como uma agressão coletiva a todos os terreiros do Brasil. Nós iremos pressionar o governo até dar cabo de situações como essa", disse Alexandre.
Apesar de o laudo policial não ter confirmado a motivação como intolerância religiosa, Alexandre antecipa sua opinião baseado nos indícios. "Todo esse fogo não foi causado por fósforos. Certamente o vândalo utilizou gasolina para dar início ao incêndio", comentou.
Foto: Alexandre L'Omi L'Odó/Cortesia
Alexandre disse que Pai Dedo era pessoa bem quista na comunidade, mas que alguns moradores chegaram a fazer abaixo-assinado contra as atividades realizadas no terreiro dele. "Nós iremos esperar a investigação da polícia, mas também vamos pressionar, pois sabemos que o tratamento dado a religiões de matriz afro-brasileira deixa a desejar. Eles não darão a importância que o caso necessita. Mas nós consideramos esse crime como motivado por racismo e intolerância religiosa", declarou Alexandre.
As investigações estão sendo conduzidas pela Delegacia de Goiana, onde o responsável é o delegado Diego Pinheiro. Por e-mail, a Polícia Civil informou que o inquérito ainda não foi concluído. "O delegado de goiana ainda está em diligência."