Escravidão

Tráfico atlântico de escravos na costa brasileira em debate na UFPE

Professor do Programa de Pós-Graduação em História da universidade, Marcus Carvalho faz palestra sobre o assunto às 18h30 desta quinta-feira

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 29/05/2014 às 10:37
Foto: Tiago Calazans/Acervo JC Imagem
Professor do Programa de Pós-Graduação em História da universidade, Marcus Carvalho faz palestra sobre o assunto às 18h30 desta quinta-feira - FOTO: Foto: Tiago Calazans/Acervo JC Imagem
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O Núcleo de Estudos do Mundo Atlântico promove, às 18h30 desta quinta-feira (29), palestra sobre o funcionamento do tráfico de escravos no litoral brasileiro depois de 1831. Aberto ao público, o evento será realizado no auditório do 3º andar do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife.

“Quando foi decretada a lei antitráfico, em novembro de 1831, existia toda uma rotina portuária nas principais cidades costeiras do Brasil, para receber os escravos vindos da África. A partir dessa data, tudo iria mudar, porque não seria mais viável desembarcar cativos nos portos, localizados em cidades importantes, geralmente sedes de governos provinciais”, afirma o historiador Marcus Carvalho.

Professor do Programa de Pós-Graduação em História da UFPE, é ele quem vai conduzir a palestra O desembarque de cativos nas praias: o funcionamento do tráfico atlântico de escravos depois de 1831. Para começar, de acordo com o pesquisador, a lei não impediu o comércio de escravos, de imediato. A atividade continuou existindo de forma ilegal por mais duas décadas, até ser abolida na década de 1850.

Marcus Carvalho vai mostrar, ao público, como se deu a mudança no desembarque dos cativos, dos portos urbanos para os naturais. “Mesmo os melhores portos naturais não dispunham dos equipamentos dos ancoradouros urbanos e dificilmente tinham espaço de ancoragem e estrutura em terra para receber mais de um navio simultaneamente”, observa o professor.

O tráfico, acrescenta o pesquisador, não era rentável só para os comerciantes que vendiam os escravos. Barqueiros, que até então trabalhavam com a pesca e o transporte de pessoas e mercadorias, descobriram na atividade uma alternativa de renda extra.

“Quem tinha barco e conhecia o litoral ganhou uma oportunidade de lucro com o contrabando de escravos, mesmo que não tivesse nenhum contato com a África, nem capital ou mesmo experiência nesse ramo de negócios. O tráfico deu emprego a muita gente antes dependente da pesca e do pequeno comércio de cabotagem. Esse cenário, superlativo no Rio de Janeiro, repetiu-se em menor escala nas outras províncias”, declara.

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