urbanismo

Iniciativa privada adota orla recifense

Na próxima semana, Ambev, Mondelez e Prefeitura do Recife começam obras de recuperação e intervenção nos 8 quilômetros do calçadão da Zona Sul da cidade

Felipe Vieira
Cadastrado por
Felipe Vieira
Publicado em 02/08/2014 às 9:07
Diego Nigro/JC Imagem
Na próxima semana, Ambev, Mondelez e Prefeitura do Recife começam obras de recuperação e intervenção nos 8 quilômetros do calçadão da Zona Sul da cidade - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
Leitura:

A orla das Praias do Pina e de Boa Viagem passará por sua segunda grande reforma em menos de dez anos. Em parceria com duas empresas privadas – os grupos Ambev, do setor de bebidas, e Mondelez, indústria alimentícia – a Prefeitura do Recife dará início, na próxima semana, à requalificação dos oito quilômetros do calçadão, com uma série de intervenções de mobilidade, esportes e lazer. A nova orla deve ser entregue em novembro.

Os cerca de R$ 12 milhões que serão gastos no projeto virão das empresas, cabendo à prefeitura a limpeza e ordenamento do local. A parceria está baseada na Lei 15.906, sancionada em 1994 pelo então prefeito Jarbas Vasconcelos, e que regulamenta a adoção de sítios e parques ecológicos por pessoas jurídicas de direito privado, inclusive instituições com fins lucrativos.

O projeto prevê a adequação dos oito quilômetros da ciclovia, cujo traçado anguloso é motivo de reclamações – e de acidentes – por parte de ciclistas. O percurso será dotado de curvas suaves, mas sem qualquer alargamento da faixa. O projeto também terá 30 módulos de musculação com equipamentos de inox, nos moldes do que está sendo feito nas Academias do Recife.

Alvos de constantes reclamações dos frequentadores da praia, os dez banheiros ao longo da orla serão reequipados com um maior número de privadas. As sete quadras poliesportivas, as quatro quadras de tênis e os três campos de futebol também serão recuperados pelas duas empresas. 

Os brinquedos dos dez parques infantis serão substituídos por outros, feitos com madeira de reflorestamento, a exemplo do que acontece nos Parques da Jaqueira, na Zona Norte, e Dona Lindu, na Zona Sul.

Uma intervenção à parte será realizada no Segundo Jardim de Boa Viagem. As duas empresas montarão um espaço com pista de cooper de 500 metros de extensão e feita com asfalto ecológico, uma Academia do Recife e uma Academia do Idoso. O projeto também prevê internet wi-fi gratuita na área do Segundo Jardim.

A contrapartida da Ambev e da Mondelez será a exibição de suas marcas nos 30 módulos de musculação distribuídos ao longo da orla, através de painéis de led do tamanho de um televisor de 29 polegadas. “Mas não será publicidade pura e simples. Os painéis também terão informações sobre exercícios físicos e serviços como tábua de marés e meteorologia”, explica o secretário-executivo de Turismo do Recife, Luiz Eduardo Antunes. As empresas também terão as marcas expostas em placas afixadas nos gradis das quadras poliesportivas.

PARCERIASSegundo Antunes, o projeto segue uma tendência de parcerias entre prefeitura e iniciativa privada já iniciada com a ciclofaixa do Recife, uma operação anual de R$ 5 milhões provenientes do Banco Itaú. “Estamos usando a criatividade para driblar a falta de recursos, e isso tem dado resultados com a ciclofaixa. O retorno deve ser ainda maior com a requalificação da orla de Boa Viagem”, completa.

Os termos da parceria são claros: à prefeitura cabe fazer a limpeza e o ordenamento do calçadão. “Qualquer outra despesa com equipamentos danificados e manutenção dos mesmos fica a cargo das empresas que estão adotando o espaço”, conclui. Ainda de acordo com o secretário-executivo, as obras não terão impacto significativo sobre a mobilidade e o trânsito no local. O tempo de vigência do contrato entre a prefeitura e os grupos Ambev e Mondelez não foi informado.

A primeira intervenção no calçadão da Zona Sul foi o Projeto Orla, concebido em 2007 pelo então prefeito João Paulo. Ao custo total de R$ 21 milhões, a prefeitura substituiu os 250 postes originais por 131 torres de luz, criou os oito quilômetros de ciclovia e delimitou as atuais 1.477 vagas de estacionamentos (sendo 557 do lado da praia). Mas a intervenção mais polêmica foi a substituição do calçadão original, em pedras portuguesas, pelo piso intertravado. A orla foi inaugurada em setembro de 2008, pouco antes de João Paulo deixar a prefeitura.

Últimas notícias