VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO

Estado não consegue reduzir índice de acidentes de motos

Coordenador do Comitê de Prevenção aos Acidentes de Moto diz que o número de óbitos vai crescer entre 8% e 10% em relação ao ano anterior

Margarette Andrea
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Margarette Andrea
Publicado em 05/11/2014 às 8:43
Bernardo Soares/Acervo JC Imagem
Coordenador do Comitê de Prevenção aos Acidentes de Moto diz que o número de óbitos vai crescer entre 8% e 10% em relação ao ano anterior - FOTO: Bernardo Soares/Acervo JC Imagem
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O número de mortos em acidentes com motocicletas deve crescer entre 8% e 10% no Estado, este ano, passando de 757 para cerca de 820. O alerta é feito pelo coordenador do Comitê de Prevenção aos Acidentes de Moto em Pernambuco (Cepam), médico João Veiga, com base em dados preliminares dos três Institutos de Medicina Legal (IMLs) do Estado, ainda em processamento. Criado em 2011 para combater os altos índices de ocorrências envolvendo esse tipo de veículo, o Cepam reúne 19 órgãos com a meta de reduzir em 50% o número de mortos até 2020. Mas, até o momento, essa batalha está sendo perdida.

“Houve um avanço com a criação de uma política de governo para enfrentar o problema, por meio do Cepam e da Operação Lei Seca, mas falta as prefeituras fazerem sua parte na fiscalização. Somente com isso se conseguiu reduzir os índices de acidentes em todos os lugares do mundo onde esses programas obtiveram sucesso”, declara o médico. A fiscalização é uma das frentes de trabalho do Cepam, que vem atuando mais no interior. “É onde as prefeituras são mais receptivas e os índices dessa epidemia, mais altos”.

Conforme o Cepam, a região do Araripe registra as maiores taxas de mortalidade, uma média de 60 a cada 100 mil habitantes. “Para se ter uma ideia, o índice aceitável pela Organização Mundial de Saúde é de 1 a 1,5 pessoa por 100 mil habitantes”, salienta. “Em Trindade, esse número chega a 100,9 mortes por 100 mil”. No Recife, são 8,8 mortes por 100 mil.

Na tentativa de minimizar esse cenário, uma grande campanha chegará a Ouricuri, entre 15 e 30 deste mês, com ações educativas e intensa fiscalização e apoio do Batalhão de Trânsito de Pernambuco (BPTran), Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) e Polícia Rodoviária Federal (PRF). O programa Moto Amiga, das concessionárias Honda, ficará responsável por palestras nas escolas, cursos de direção defensiva e um check-up de 21 itens nas motocicletas abordadas. O dia 18 será o ponto alto, pois haverá audiência pública sobre municipalização do trânsito. Essa campanha já passou por Garanhuns, Petrolina e Caruaru.

Desde 2010, Pernambuco estabeleceu Unidades Sentinelas de Informação sobre Acidentes de Transporte Terrestre (Usiatt) para monitorar as ocorrências e basear ações de governo. Somente de janeiro a agosto do ano passado, elas notificaram 25.176 vítimas, das quais 71,6% usavam motos. 

O Hospital da Restauração (HR), maior unidade de urgência e emergência do Estado, também é um importante referencial. De setembro do ano passado a setembro deste ano, a unidade atendeu a 10.075 vítimas de acidentes de motocicleta. Levantamento específico do Cepam com 104 pacientes do HR, entre maio e agosto deste ano, constatou que eles ocupavam mais de 90% dos leitos do setor de traumatologia e custaram aos cofres públicos cerca de R$ 31,8 milhões. Dez por cento saíram com sequelas permanentes. O Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde só fechará os números de 2013 em 2015.

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