O reordenamento do comércio informal na Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife, avançou mais um trecho na manhã de terça-feira (24) com a proibição da atividade para cerca de 80 ambulantes que atuavam entre as Ruas do Hospício e da Aurora. Quase sem tabuleiros ocupando as calçadas, a prefeitura pode perceber que há outros problemas a serem resolvidos na avenida, além de controlar camelôs. Falta consertar o piso esburacado dos passeios públicos, o teto quebrado das paradas de ônibus, o alambrado de separação das pistas danificado e o esgoto vazando pelo meio-fio.
A operação para impedir o acesso de ambulantes que trabalhavam na Conde da Boa Vista de forma irregular começou às 5h, com a chegada de policiais militares, guardas municipais, agentes de trânsito e fiscais da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano. No trecho entre as Ruas do Hospício e da Aurora, a prefeitura contou cerca de cem camelôs. Até a terça-feira (24), a Secretaria de Mobilidade tinha dado autorização para 23 deles continuarem no local. Às 9h40, só nove tinham instalado os tabuleiros nas áreas indicadas, por trás das paradas de ônibus.
Sem a autorização para montar o tabuleiro na via, Emídia Ferreira da Silva e Fábio Lopes da Silva reclamavam da prefeitura. “Tenho 32 anos e sou ambulante há 17 anos. Vou trabalhar de que agora?”, pondera Fábio. “A prefeitura está espremendo a gente na avenida aos pouquinhos, até tirar todo mundo”, lamenta Emídia, camelô no Centro da cidade há 15 anos. Outros comerciantes estavam inconformados com a autorização dada a seis ambulantes senegaleses. “Eles são novatos e já têm crachá, tem gente daqui, mais antiga, que ficou de fora”, alegam.
O secretário de Mobilidade, João Braga, disse que os africanos receberam autorização porque atuavam no comércio em 2013, quando o município cadastrou 4.100 ambulantes em atividade no Centro do Recife, nos bairros da Boa Vista, Santo Antônio e São José. A proposta da prefeitura é deixar 141 camelôs na Conde da Boa Vista, de forma temporária. Até o fim de 2015 eles serão transferidos para shoppings populares que serão construídos em terrenos adquiridos na Boa Vista.
Questionado sobre denúncia de ambulantes que teriam vendido o ponto a outros camelôs, João Braga disse que se ficar comprovada a irregularidade o comerciante perderá o ponto. O ordenamento do comércio informal da Conde da Boa Vista começou em 29 de janeiro de 2015, entre as Ruas José de Alencar e do Hospício. Na primeira semana de março, a ação chegará ao trecho entre as Ruas da Soledade e José de Alencar, informa João Braga.
“É muito melhor as calçadas livres, mas a prefeitura precisa consertar essa buraqueira, um idoso pode tropeçar e cair”, diz a dona de casa Nilda Gomes, moradora da Boa Vista. “Agora a gente tem espaço para circular”, afirma a fisioterapeuta Ana Geórgia Lima de Souza.