Atitude cidadã

Crochê ganha espaço nos cuidados paliativos do Hospital de Câncer

Oficinas do bordados são promovidas por voluntárias nas enfermarias

Do JC Online
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Publicado em 14/03/2015 às 18:05
Fernando da Hora/JC Imagem
Oficinas do bordados são promovidas por voluntárias nas enfermarias - FOTO: Fernando da Hora/JC Imagem
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No Hospital de Câncer de Pernambuco, em Santo Amaro (área central do Recife), a principal referência do SUS no Estado para tratamento da doença, oficinas de crochê estão dando a pacientes e acompanhantes a oportunidade de aliviar as dores e pensar em outra alternativa de renda. São comandadas por voluntárias da Rede Feminina de Combate ao Câncer.

As mulheres de bata rosa iniciaram a prática do bordado na sala do projeto Rendarte, onde as aulas acontecem diariamente, ensinando a pintar, bordar, fazer perucas e muitos outros objetos que atendem aos pacientes ou servem de renda para o trabalho continuar. “Mas era preciso alcançar um público que precisa de atenção intensiva, os internados. Chegamos às enfermarias e mais recentemente à unidade de cuidados paliativos, onde fica quem já usou todos os recursos de tratamento”, explica Maria da Paz Azevedo, presidente da Rede Feminista.

“Estou há um mês no hospital, com pequenos intervalos de volta à casa. O crochê faz a gente passar o tempo mais aliviada. Eu não sabia bordar e agora estou fazendo colares. Minha irmã gostou tanto que já pensa em produzir peças para vender”, conta Luciana Batista, 52 anos, de Bezerros, Agreste. Ela acompanha o marido. Jéssica Lins, cuidadora de outro paciente, em menos de uma hora produziu colar e pulseiras. “Eu amei essa ideia, compensa o sofrimento que testemunhamos”, afirma. O contador Israel Almeida, 76, cuidado por ela e que passa uma parte do dia tocando gaita, observa o quanto é importante aprender coisas novas. “Um dia a gente sempre vai precisar”, lembra.

Para Miriam Rosa Silva, do Cabo de Santo Agostinho, que também acompanha o marido e está longe das duas filhas, o bordado ajuda a amenizar a saudade de casa. “Fiz peças para as meninas”, mostrou. A enfermeira Conceição Hander, coordenadora da unidade de cuidados paliativos, acredita que a arte manual deixa as pessoas mais felizes, desvia a atenção no sofrimento. “Os pacientes ficam aqui em média 15 dias, com dor, falta de ar e às vezes sangramentos. O acompanhante também sofre, por isso é importante oferecer a eles outra vivência na enfermaria”, explica.

Quando deixam a ala, onde ficam 33 pacientes e seus acompanhantes, as voluntárias Elisabete Ribeiro, 63, Marli Melo, 64, Rosenilda Oliveira, 56, Josenilda Santos, 65, Audeniza Alcântara, 66, Solange Lima, 66, e Cristina Vieira, 67, professoras de crochê, relatam ter aprendido mais que as alunas. Elisabete, portuguesa que aprimora a técnica das amigas, lembra que a corrente pode ser alimentada por quem está fora do hospital, doando materiais como agulhas nº 3, linhas Rayssa Baby ou Ciganinha, as tradicionais Clea ou Carla, além de tecidos de algodão para pano de prato e tesoura.

Para colaborar e obter mais informações, ligue (81) 3217-8236 ou (81) 3217-8182.

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