O provisório virou perigo permanente. A passarela de pedestres sobre a rodovia BR-232, no Curado, Zona Oeste do Recife, virou uma carcaça. O equipamento foi instalado no início de 2012 para resolver, temporariamente, a dificuldade de travessia de funcionários e pacientes para o Hospital Pelópidas Silveira, unidade pública referência em cardiologia e neurologia. Mas foi ficando por lá, esquecido por todos, largado sob sol e chuva. De tão precária, a passarela teve o acesso interditado, mas o perigo da travessia na BR é tanto que as pessoas insistem em utilizá-la. E, assim, correm risco de cair de uma altura de seis metros.
A escolha é difícil. Passar pelo equipamento cuja insegurança é percebida no olhar, com madeiras soltas e podres, sustentadas por estruturas de ferro também velhas e enferrujadas. Tudo isso por 50 metros de comprimento, tendo uma rodovia federal de tráfego pesado passando em baixo. Ou encarar a travessia que significa, além de habilidade e paciência para esperar a hora mais segura de atravessar entre carros e caminhões, pular uma mureta de um metro (a defensa da rodovia, que isola o tráfego entre as duas pistas da BR). Nem todos conseguem.
“Eu poderia chegar em casa em dez minutos, mas gasto até 1h20 porque pego o ônibus no mesmo ponto em que desço e espero ele fazer o retorno. Não consigo atravessar e não me arrisco nessa passarela velha. Precisamos de uma solução”, apela Luciene Maria da Silva, técnica em segurança do Hospital Pelópidas Silveira.
E a situação de insegurança deve durar por muito tempo. Não há previsão de o equipamento ser substituído por um definitivo e seguro. Não existe sequer data para que haja uma recuperação da passarela. O próprio governo não se entende. No ano passado, a informação oficial era de que o Departamento de Estradas de Rodagens de Pernambuco (DER-PE) iria realizar um estudo para instalar a passarela definitiva, estimada em R$ 2 milhões.
O estudo, inclusive, estaria sob avaliação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) porque, embora o Estado esteja responsável pela 232, o projeto teria que ser autorizado pelo governo federal, já que se trata de uma BR. Ontem, a assessoria de imprensa do DER-PE afirmou que toda a responsabilidade sobre o equipamento, seja manutenção ou construção de um novo, é da Secretaria Estadual de Saúde (SES). A secretaria contratou a empresa Mills para instalar e manter a passarela provisória por R$ 20 mil por mês, contrato que teria validade até a instalação da definitiva. Ontem, a SES enviou nota dizendo estar em negociação com a empresa para que sejam realizados os reparos emergenciais na estrutura provisória. Mas que a passarela permanente será construída pelos órgãos responsáveis pela administração da rodovia, ou seja, o DER-PE.