Num movimentado endereço do Centro comercial do Recife, o cruzamento da Avenida Dantas Barreto com a Rua Nova, 20 homens trabalham para dar nova vida à Igreja do Santíssimo Sacramento, conhecida pelos pernambucanos como a Matriz de Santo Antônio. O prédio encontra-se cercado por tapumes, mas não está de todo fechado ao público. Visitas podem ser agendadas para quem quiser ver de perto como se faz a recuperação de um bem tombado.
O passeio guiado pelo prédio de 1.029 metros quadrados de área, é claro, não acontece o dia todo, para não prejudicar o andamento da obra. É preciso entrar em contato com a superintendência local do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pelo telefone (81) 3228-3011 e combinar a visita à igreja de arquitetura barroca, construída no século 18.
Sem passar por uma intervenção de grande porte desde 1982, a edificação apresenta infiltração na coberta, paredes descascadas, tinta escondendo pintura dourada em janelas, fachada e piso deteriorados entre outras avarias. Um a um, os problemas vêm sendo eliminados desde outubro de 2014, quando teve início a obra civil de restauração da igreja, no valor de R$ 3.954.719,16, com recursos do PAC Cidades Históricas do governo federal.
“Executamos 30% dos serviços”, diz o arquiteto do Iphan Aléssio Tenório Torres, ao fazer vistoria de rotina no prédio, quarta-feira (6) pela manhã. Segundo ele, o prazo de execução está mantido, até abril de 2016. Escorada para evitar desabamento, a coberta da igreja era o problema mais grave a ser corrigido. “Estamos refazendo tudo e vamos construir uma subcobertura.”
A função da subcobertura, diz ele, é proteger o forro artístico da nave central de possíveis infiltrações, no futuro. A igreja ganhará uma rampa lateral, na porta que se abre para a Rua Nova, facilitando o acesso de portadores de necessidades especiais, e novas instalações elétrica e hidráulica. Nas esquadrias da nave central, o Iphan vai recuperar as pinturas douradas que apareceram quando as peças começaram a ser lixadas.
Trabalho semelhante é realizado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, na Rua Nova, bem próxima da Matriz de Santo Antônio e igualmente tombada pelo Iphan. Mas, além das obras civis, o templo católico erguido por soldados e sargentos do Recife no século 18 terá talha, douramento, pinturas e imagens recuperadas.
A ação custará R$ 2.171.980,90, com verba do mesmo programa federal, começou em outubro e está prevista para terminar em abril de 2016. Márcia Hazin, arquiteta do Iphan, informa que a remoção de tinta em colunas do prédio deixaram à mostra pedras que serão preservadas na forma natural.
“Isolamos a nave da igreja com TNT para proteger da poeira”, diz ela. A Conceição dos Militares, com seu estilo barroco-rococó, também recebe visita guiada. As duas obras são executadas pela empresa Pires Giovanetti Guardia Engenharia e Arquitetura.
