TENSÃO

Estudantes acusam UFPE de "terror psicológico" durante ocupação da Reitoria

O clima na tarde deste sábado foi mais tranquilo, diferentemente da noite de sexta e madrugada de sábado

Do JC Online
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Publicado em 03/10/2015 às 16:42
Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
O clima na tarde deste sábado foi mais tranquilo, diferentemente da noite de sexta e madrugada de sábado - FOTO: Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
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Atualizado às 20h50

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Os alunos que ocupam o prédio da Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pedem que o novo estatuto da universidade seja aprovado da maneira como está pelo Conselho Universitário, atualmente formado por pouca representatividade estudantil e de técnicos. Os estudantes acusam o conselho de barrar o acesso de todos os dicentes que quisessem participar da homologação do estatuto, que aconteceria ontem (2). Eles temem que haja retrocesso no documento.

A universidade indicou que, por falta de espaço, o grupo elegesse representantes. Mas não houve acordo. A UFPE, através da pró-reitora para assuntos estudantis, Ana Cabral que o processo de aprovação está dentro dos trâmites legais e que na sexta ocorreria apenas a apresentação do estatuto, não a homologação. 

Foi o próprio conselho, através de iniciativa do reitor Anísio Brasileiro, que puxou a elaboração, no início do ano, de um novo estatuto da UFPE, através de um Congresso Estatuinte. Segundo os estudantes, o estatuto da UFPE data ainda da época da Didatura Militar. O novo documento tem a promessa de ser mais igualitário, através de uma paridade nas deliberações dos três principais grupos que compõem a universidade: estudantes, professores e técnicos, além de prezar pela paridade de gênero, colocando as mulheres também em igualdade pertante a participação e ocupação de cargos.

O clima na tarde deste sábado (3) foi mais tranquilo, diferentemente da noite de sexta e madrugada de sábado. Os alunos acusam os seguranças particulares da UFPE e da Superintendência de Segurança da Universidade de “terror psicológico” com o uso de sirenes para impedir que os alunos dormissem à noite e de agressões verbais. O grupo também acusa seguranças patrimoniais de agredirem uma estudante.

Dois vídeos divulgados na internet, na página do Facebook Ocupe UFPE - pela homologação do novo estatuto -mostram a confusão no momento da ocupação com os seguranças particulares da UFPE quebrando uma porta de vidro.

Os estudantes afirmam que decidiram ocupar a reitoria porque o reitor Anísio teria descumprido o combinado de que a reunião de homologação seria aberta a todos os estuantes que quisessem participar. Barrados, eles resolveram começar a manifestação. "Quando pedimos para que o retiro se pronunciasse (na sexta), ele colocou o posicionamento dele e se retirou. Não deu espaço para diálogo", diz um dos estudantes.

O Conselho esteve reunido das 9h até as 10h20, no Auditório João Alfredo, com representação de docentes e servidores técnico-administrativos, o segmento estudantil não aceitou participar do Conselho com uma representação ou assistir por um telão que foi disponibilizado. 

A Procuradoria Regional Federal da 5ª Região, a pedido da UFPE, entrou com ação na Justiça pedindo a reintegração de posse do prédio, que foi concedida. Os alunos, no entanto, se negaram a aceitar o documento. O grupo de alunos foi categórico em dizer que não sairá do local até que tenham os pedidos atendidos.  

O QUE DIZ A UFPE

No local, a pró-reitora para assuntos estudantis da UFPE, Ana Cabral, afirma que já houve algumas tentativas de negociação com os estudantes que ocupam o prédio, mas o grupo não quis dialogar. Sobre a restrição da participação estudantil, ela diz que o local da reunião não comporta um público amplo e que a UFPE chegou a consultar os alunos sobre a quantidade de dicentes que pretendiam comparecer, mas o grupo apenas afirmou que não havia como prever esse quantitativo. O ideial, na avaliação da pró-reitora, era que fossem eleitos representantes para participar, já que o local não é grande.

Além disso, Ana coloca que o que aconteceria na sexta (2) não era a homologação do novo estatuto, e, sim, a entrega do texto final e apresentação do documento. Segundo ela, depois desse estágio ainda acontecerão reuniõess para analiar o material para, só depois, acontecer a homologação. "O reitor só não tem poder de obrigar todos a assinarem sem discutir", pondera. Sobre o possível episódio de violência, a UFPE disse que só irá se pronunciar após a desocupação.

No fim da noite deste sábado, a UFPE enviou comunicado oficial à imprensa. Confira:

Sobre a continuidade da ocupação da Reitoria, a UFPE vem a público afirmar que, na tarde deste sábado, dia 3 de outubro, e pela terceira vez consecutiva, a Administração Central procurou estabelecer negociações com as pessoas que estão ocupando o prédio. Infelizmente, como nas tentativas anteriores, os ocupantes afirmaram que não desejam dialogar. 

Os manifestantes criaram um clima de instabilidade e de ameaça ao patrimônio público. Eles permanecem no local contrariando a ordem de reintegração de posse definida pela Justiça Federal na sexta-feira, 2 de outubro.

O grupo que ocupa o prédio da Reitoria alega que a proposta do novo Estatuto da UFPE deveria ser aprovada sem discussão por parte do Conselho Universitário, na forma como ficou estabelecido desde o início do processo.

O processo Estatuinte prevê explicitamente que o documento deve ser apreciado pelo Conselho Universitário e cabe ao reitor encaminhar o documento para sua apreciação.

Diante desses fatos, a Administração Central da UFPE vem a público assegurar o papel institucional do Conselho Universitário. Insiste também que o novo Estatuto deve, necessariamente, respeitar o quadro legal e constitucional do Brasil.

Finalmente, é preciso realçar a permanente disposição de diálogo da gestão da UFPE com todos os segmentos da comunidade acadêmica.

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