URBANISMO

Caos toma conta de feiras e mercados do Recife

Recuperação de três unidades, prometida para novembro de 2015, ainda não saiu

Do JC Online
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Publicado em 13/02/2016 às 19:12
Alexandre Gondim/JC Imagem
Recuperação de três unidades, prometida para novembro de 2015, ainda não saiu - FOTO: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Três das maiores feiras livres do Recife deveriam estar ordenadas desde novembro do ano passado, como foi prometido pela prefeitura. Em vez disso, feirantes e consumidores de Água Fria e Nova Descoberta, na Zona Norte, e Afogados, na Zona Oeste, continuam aguardando os pátios e espaços prometidos pela administração municipal. Uma espera que se dá em meio à desordem no tráfego, ao lixo e muita ocupação irregular do espaço público.

Em Água Fria, todo dia é dia de feira. O transtorno é diário na Rua João Uzeda Luna, onde atuam os comerciantes, e na Estrada Velha de Água Fria, onde o trânsito fica complicado por causa do fluxo de pessoas e do lixo que, sem qualquer cerimônia, é depositado no local. E atualmente o problema é menor: até 2013, a feira funcionava na Estrada Velha, tornando uma tarefa difícil o simples ato de passar pela via.

O espaço construído pela prefeitura fica entre a Avenida Beberibe e a Rua Júlio Ramos, onde funcionava o antigo Cine Império. Tem 36 boxes e capacidade para 155 bancas, acomodando feira livre, sulanca e também pontos de alimentação, para pequenos lanches. Mas nem todos os feirantes estão contentes com a ideia de irem para lá. “Acho que o espaço é pequeno para tantas bancas, vai ficar todo mundo apertado. Sem contar que é um calor danado lá dentro”, diz Maria das Dores Alves, há 30 de seus 37 anos trabalhando na feira.

Ela teme que o confinamento na nova área também represente a perda de clientes. “O pessoal já está acostumado com a feira aqui, e não sei se vai querer passar aperto e calor para ir para dentro do mercado.”

O entorno do Mercado de Nova Descoberta, também na Zona Norte, é um dos locais mais desordenados da cidade. Não à toa, foi escolhido para entrar no projeto de modernização dos espaços de feira. Nada menos que 12 imóveis comerciais da área ao lado do mercado público tiveram de ser derrubados para que a prefeitura construísse o pátio onde ficarão outras 150 bancas de feira. Entre os objetivos da obra, ordenar o espaço e estabelecer horários específicos para carga e descarga, aliviando o caótico trânsito nas imediações do mercado público.

Mas a promessa não foi cumprida e o caos continua sendo a regra. A exemplo de Água Fria, muitos comerciantes veem com reservas o novo espaço para onde serão realocados. “Não tenho nem ideia de como vai ser. Aqui tenho minha clientela. E se eu ficar escondido lá dentro?”, pergunta Djalma Gomes, que há 20 anos trabalha no mesmo lugar, na calçada do mercado. As bancas da feira já foram colocadas, e a reclamação recorrente dos comerciantes é de que ficam muito próximas umas das outras. “Tem gente aqui que tem duas ou três bancas juntas. Depois da mudança, todo mundo só vai ter direito a uma. Acho isso injusto”, comenta.

TRANSFERÊNCIA

Em Afogados, 125 ambulantes que ocupavam a calçada da Estrada dos Remédios serão transferidos para um pátio na Rua João Carlos Guimarães. O cenário também é caótico. A briga pelas poucas vagas de estacionamento é constante, e os muitos ambulantes que ainda estão do lado de fora já estão descrentes em relação à promessa de entrega do pátio. “Essa conversa de João Braga (secretário de Mobilidade e Controle Urbano da prefeitura) é antiga. Perdi a conta de quantos jornalistas vieram aqui fazer essa matéria”, diz um deles, preferindo não se identificar. No entorno do mercado, um vazamento de água, que se mistura ao lixo produzido pela feira, torna o cenário ainda mais insalubre.

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