As melhorias que a obra de um corredor de ônibus deveriam trazer à mobilidade na Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, ficaram pelo caminho, ao longo de seus 4,4 quilômetros. Com crônicos problemas de drenagem e de saneamento, água da chuva e esgoto se misturam na via, formando imensas e sucessivas crateras no asfalto. Até as calçadas ficam alagadas. Motoristas e pedestres têm de fazer malabarismos para driblar os obstáculos e os congestionamentos se tornaram frequentes. A imobilidade também prejudica o comércio local.
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“Quem vai entrar nessa água suja para comprar alguma coisa? Quando chove a gente tem que fechar as portas. Não tem condições de ficar assim. Já disse aos outros comerciantes que deveríamos fazer um protesto para o poder público olhar essa situação. A água não tem para onde escorrer, as canaletas estão entupidas”, critica a comerciante Giane Mota, 45 anos.
O operador de telemarketing Leonardo Sales, 25, diz que os pedestres sofrem até para descer do ônibus. “Muitos motoristas não querem parar no ponto daqui de perto porque tem um buraco lá e deixam a gente na água. Os próprios moradores jogaram pedra para diminuir o buraco, pois um caminhão ia virando. É um descaso”. O motorista Kenedy Jorge, 53, disse que as viagens de ônibus estão sempre atrasadas e que os veículos sofrem constantes danos.
Moradora antiga do bairro, a dona de casa Maria Lúcia do Nascimento, 44, se esquivava entre os veículos e a água para atravessar. “Fizeram uma obra pra melhorar e piorou tudo. É água acumulada o tempo todo. Muita muriçoca. Buracos viraram criadouros do mosquito da dengue, fora os atropelamentos, que são muitos. Esse projeto não favoreceu a ninguém e esse prefeito é muito ruim”, fala, indignada.
O problema se estende a outras vias de grande fluxo. Na II Perimetral Norte e na Avenida Antônio da Costa Azevedo, até caminhões tinham dificuldade de passar. Motoristas e pedestres gritavam que aquilo era uma vergonha.
O secretário de Serviços Públicos de Olinda, Manoel Sátiro, afirma que ainda hoje estará fazendo serviços de drenagem e tapa-buraco na Avenida Presidente Kennedy. “Iniciamos a sucção das águas e vamos fazer a limpeza da caixa para depois passar um lençol de asfalto”, informa.
Segundo o gestor, a rede de drenagem tem mais de 40 anos e precisa ser trocada. “Os tubos são de 40 centímetros, têm de ser entre 80 centímetros e 1 metro. Estamos contratando empresa para fazer o projeto de troca da rede, mas ainda vamos buscar recursos para executá-lo”, adianta. “As pessoas também precisam contribuir e não jogar lixo na rua. No ano passado limpamos as galerias da via três vezes e este ano já é a segunda”.
CORREDOR
A obra da avenida foi realizada pelo Estado, com a ideia de melhorar a velocidade dos 467 ônibus que trafegam diariamente pelo local, por meio de um corredor exclusivo. Mas os alagamentos e buracos fazem o tráfego se misturar. Coletivos, carros, motocicletas, bicicletas e até carroças disputam os espaços menos esburacados.
Na última segunda-feira, diante das fortes chuvas, o JC flagrou um barco ajudando na travessia das pessoas. Ainda em construção (foram seis anos), houve muitas críticas ao estreitamento da via, distância das paradas, excesso de curvas e insegurança para pedestres. As obras custaram quase R$ 9 milhões.
“O modelo do corredor é o mesmo que se adota em várias cidades. Os problemas da avenida são antigos, houve melhorias”, defende Sátiro. Ele afirma que o município vai investir cerca de R$ 4 milhões em serviços de tapa-buracos, em várias ruas, inclusive na II Perimetral. “Como existe um projeto de duplicação desta via (com a Via Metropolitana Norte), vamos fazer um paliativo, em 15 dias. A Avenida Antônio da Costa Azevedo será recapeada, nos próximos 60 dias. Mas a chuva abriu milhares de buracos na cidade, não ser resolve tudo de um dia para o outro e a chuva atrapalha”.