Mobilidade

Avenida Presidente Kennedy virou o corredor da indecência de tantos buracos

Via, que tem quatro quilômetros, em Olinda, está intrafegável e tem sido alvo de constantes protestos

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 09/06/2016 às 7:00
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Via, que tem quatro quilômetros, em Olinda, está intrafegável e tem sido alvo de constantes protestos - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Não é de hoje que a Avenida Presidente Kennedy, uma das mais importantes de Olinda e um dos principais corredores de transporte coletivo da cidade, é o retrato do abandono e da degradação. Isso não é mais novidade nem para a mídia, nem para o poder público, muito menos para a população. Mas agora a via conseguiu ultrapassar todos os limites do aceitável. Não há mais qualquer vestígio de dignidade e decência com o cidadão que paga os impostos e precisa trafegar pela avenida seja de carro, caminhão, ônibus, bicicleta e, principalmente, a pé. De fato, a Kennedy virou o corredor da desordem urbana, da sujeira e do improviso. A impressão é de que um tsunami passou por ela.

Exaustos de sofrer com os alagamentos, congestionamentos, sujeira e odores de esgoto e lama, comerciantes que têm negócios às margens da via se rebelaram e há dois dias fazem protestos contra a imensa desordem que se transformou a avenida. Não aguentam mais conviver com tamanha indignidade. Há pelo menos três meses começaram a ver a água suja acumulada das chuvas e misturada ao lixo do entorno entrar em seus estabelecimentos, afastando clientes e fazendo o movimento cair em mais de 50%. Nas imediações do número 2425 da via (sentido subúrbio-Centro), em Peixinhos, uma comerciante teve que improvisar uma mureta de placas de ferro, que custou R$ 1 mil, para proteger seu negócio, uma loja de roupas.

Em frente ao estabelecimento, são mais de cem metros de buraqueira, com crateras que chegam a 50 centímetros de profundidade. Além de estragar os veículos – sejam pequenos ou grandes –, de tão profundos, os buracos têm colocado em risco a segurança dos passageiros dos coletivos que trafegam na via. “Terça-feira, um ônibus ia virando sobre a minha loja. Caiu no buraco com os passageiros dentro. Foi um desespero. Não virou porque ficou apoiado na cobertura do imóvel. Imagine o prejuízo que estamos tendo com essa situação?”, afirma a comerciante Sônia Menezes, que tem dois estabelecimentos comerciais na via.

Os ônibus também têm amargado prejuízos com a degradação da Presidente Kennedy. A perda de viagens é alta. Carlos Eduardo Cadena, gerente-executiva da Empresa Caxangá, diz que a média é de 200 viagens perdidas por dia. “Temos 180 ônibus passando diariamente na Kennedy, que deveriam realizar 1.800 viagens. Há dias em que perdemos 300. A situação, de fato, está muito crítica e nada é feito”, critica.

A Prefeitura de Olinda diz que está agindo. O secretário de Serviços Públicos, Manoel Sátiro, garantiu à reportagem que iria resolver o problema da Kennedy. “Nós já solucionamos um ponto de alagamento em frente ao Centro da Moda e estamos atuando em outros dois. O mais crítico é exatamente o que os comerciantes estão protestando. Só sairemos da via quando tudo estiver resolvido”, garantiu. Pelo menos por enquanto, o município não tem planos nem verba para promover uma requalificação da via. “Aumentamos o efetivo de funcionários limpando a avenida e estamos desobstruindo constantemente as caixas de drenagem. Mas é um trabalho árduo porque a quantidade de lixo que a população joga é grande. Sofremos também com o assoreamento e a ocupação das margens do Rio Beberibe, que impedem o escoamento da água para o rio. É difícil, mas estamos trabalhando”, disse.

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