Violência

Adolescente morto por sargento é enterrado nesta quarta

Amigo de 13 anos, também baleado, está internado no HR e tem quadro estável

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Publicado em 27/07/2016 às 7:06
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Amigo de 13 anos, também baleado, está internado no HR e tem quadro estável - FOTO: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Nesta quarta-feira (27), o adolescente Mário Andrade de Lima, 14 anos, iria dar um passo importante na vida: começaria a trabalhar como jovem aprendiz. Em vez disso, o garoto será enterrado, às 11h, no Cemitério de Santo Amaro, área central do Recife. Ele foi morto a tiros, na noite de segunda, por um sargento da Polícia Militar reformado, cujo nome não foi divulgado, após sua bicicleta colidir com a motocicleta do militar. Um amigo de 13 anos levou quatro tiros e está internado no Hospital da Restauração (HR), consciente e com quadro de saúde estável.

O sargento teve um ferimento na perna e chegou a ser atendido no Hospital da PM, onde teria apresentado a versão de tentativa de assalto. Depois, sumiu. O delegado João Brito, que registrou o caso, contesta a versão, considerando a quantidade de disparos e a impossibilidade de reação dos menores. “A linha inicial de investigação é de homicídio qualificado e tentativa de homicídio”, afirma. Ele não conseguiu localizar o militar e o caso passou para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). 

Parentes de Mário contam que ele e o amigo saíram para passear de bicicleta perto de casa, na Avenida Dois Rios, no Ibura, quando tudo aconteceu. “O amigo que sobreviveu diz que o PM dirigia uma motocicleta em ziguezague e bateu na bicicleta, ferindo a perna. Então ele desceu e deu logo uma coronhada em Mário, depois mandou ele se deitar e disse que ele mesmo ia fazer a ocorrência”, relata a auxiliar de serviços gerais Joycicléa Andrade, 31. “O amigo saiu correndo e ele deu quatro tiros, acertando na coxa, joelho e nádegas e de raspão no braço. Ele se fez de morto e ouviu os dois tiros que mataram Mário”.

Os dois foram socorridos e Mário não resistiu. Seu avô, o estoquista Jorge José de Lima, 57, diz não acreditar no que houve. “Isso é uma vergonha para o nosso País. Queria conhecer a família desse PM e perguntar se tivesse sido com um deles”, desabafa. “Mário não era marginal. Era estudante e trabalhador. Quando isso vai parar? A gente tem que dar um basta nesses policiais despreparados. O que o governador vai fazer?”, indaga o comerciante Narciso Pereira, 48, tio do jovem.

A mãe de Mário, a diarista Joelma Andrade de Lima, 34, estava aos prantos. Acariciando o rosto do filho, pedia para ele voltar, dizia que a vida dela acabou e perguntava por que tinham feito aquilo com um menino tão bom. Em nota, a assessoria da PM se solidarizou com os familiares dos jovens e disse que policiais estiveram no local do episódio, mas não localizaram "o autor dos disparos". E informou que o caso deverá ser esclarecido pela Polícia Civil.

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