Direitos dos Animais

Regulamentação da Lei de Tração Animal do Recife vai parar na Justiça

Ministério Público pede que Justiça legisle no lugar do prefeito

Margarette Andrea
Cadastrado por
Margarette Andrea
Publicado em 17/08/2016 às 8:25
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
FOTO: Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Leitura:

Atrasada há quase três anos, a regulamentação da Lei Municipal Nº 17.918/2013, que proíbe a circulação de veículos de tração animal no Recife, agora está nas mãos da Justiça. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) ingressou com um mandado de injunção contra o prefeito Geraldo Julio, pedindo que a Justiça legisle sobre o assunto no lugar do gestor, diante de sua omissão.

“Havia um inquérito civil no MPPE investigando a questão das carroças puxadas por animais, há quase um ano. No final do ano passado, expedimos recomendação para o prefeito baixar decreto regulamentando a lei, coisa que não foi feita. Diante disso, resolvemos entrar com o mandado de injução (mecanismo para regulamentar norma constitucional quando o poder competente não o faz, podendo prejudicar alguém)”, explica o promotor de Meio Ambiente do MPPE, Ricardo Coelho.

Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Carroças são comuns na Avenida Luiz Corrêa de Brito, em Peixinhos, entre Recife e Olinda - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Carroceiro segue a caminho de buscar material reciclado, pela Avenida Luiz Corrêa de Brito - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Cavalo Quixadá foi comprado pelo atual dono após despencar, nas mãos de outro, no Canal do Arruda - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Carroceiro mostra local onde mora e cria quatro cavalos, em Peixinhos - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Animais tomam banho nas águas do Rio Beberibe - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
José Barros dos Santos, o Bebeto, mostra o cavalo Ventania, exausto do trabalho da manhã - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Carroceiro pelas ruas de Peixinhos - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Foto: Margarette Andrea/Especial JC
Veículos de tração animal circulam por grandes corredores, como a Avenida Agamenon Magalhães - Foto: Margarette Andrea/Especial JC
Foto: Margarette Andrea/Especial JC
Carroceiros também são comuns na Rua 48, no Espinheiro - Foto: Margarette Andrea/Especial JC
Foto: Goretti Queiroz/Especial JC
Égua prenha é resgatada por ativistas de direitos humanos na Ilha Joana Bezerra - Foto: Goretti Queiroz/Especial JC
Foto: Goretti Queiroz/Especial JC
Resgate precisou de muito esforço, égua havia sido atropelada - Foto: Goretti Queiroz/Especial JC
Foto: Goretti Queiroz/Especial JC
Cavalo resgatado por ativistas - Foto: Goretti Queiroz/Especial JC
Foto: Goretti Queiroz/Especial JC
Cavalo Pimpolho, da Ilha Joana Bezerra, foi resgatado e colocado para adoção - Foto: Goretti Queiroz/Especial JC
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Maria Valentina foi resgatada também na Ilha Joana Bezerra - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Égua ainda está com a patinha em tratamento, ela foi quase arrancada - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Veículo de tração animal flagrado próximo à Avenida Caxangá - Foto: Guga Matos/JC Imagem

No mandado, o promotor sugere que seja implantado, ao longo de seis meses, um programa de redução gradativa dos veículos de tração animal. O trabalho começaria pelo cadastramento dos carroceiros, fiscalização sobre eles e inserção dos mesmos em cursos de capacitação em outras profissões, como previsto na lei nº 17.918, além de capacitação dos veterinários da Secretaria-Executiva de Direitos dos Animais (Seda) e do Centro de Vigilância Animal (CVA), para o manejo e tratamento adequado dos bichos.

Ricardo Coelho esclarece que a Justiça deverá citar a prefeitura a se explicar, antes de proferir sua decisão. “Nada impede que a prefeitura baixe o decreto agora. É o que eu faria no lugar do prefeito, para não parecer que ele não quer enfrentar o problema”, declara o promotor. “A prefeitura sempre alega que não cumpre a lei porque falta a regulamentação, mas falta é vontade política para regulamentá-la”.

Conforme Coelho, praticamente todas as capitais do Brasil já proibiram esse tipo de veículo, porque fica caracterizado crime de maus-tratos. Ele lembra que o Recife já mantém uma fazenda, alugada por R$ 19 mil ao mês, para receber os animais apreendidos, que é subutilizada. Em reportagem recente do JC a Seda informou que o espaço tem capacidade para 125 animais e na época só abrigava 28. Desses, seis foram adotados. Disse, ainda, que só 112 carroceiros foram cadastrados (estimam-se quatro mil) e que ainda estava em estudo a aplicação da lei.

Procurada para se posicionar sobre a questão, ontem à tarde, a assessoria da Seda afirmou que o órgão só se pronunciaria após ser notificado pela Justiça.

Lei deveria vigorar em 120 dias

A lei estipulava prazo de 120 dias para entrar em vigor, estabelecendo multa de R$ 500 para quem a descumprisse e apreensão do veículo e do animal, além de diária de R$ 10 por animal em depósito. Foi acertado com a categoria auxílio mensal de R$ 500 nos três primeiros meses, mas a classe não aceitou. Fez alguns protestos, ganhou mais tempo e a lei foi engavetada após alguns protestos.


Últimas notícias