MEIO AMBIENTE

Rio Beberibe segue agonizando

Falta de fiscalização e acúmulo de lixo chega a obstruir o curso d´água

JC Online
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Publicado em 29/09/2016 às 8:30
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Falta de fiscalização e acúmulo de lixo chega a obstruir o curso d´água - FOTO: Guga Matos/JC Imagem
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A agonia do Rio Beberibe parece ganhar um novo ingrediente a cada dia. Desde o início de 2015 o projeto de revitalização emperrou devido à falta de recursos do governo do Estado. Sem obras ou fiscalização, o resultado vem na forma de mais invasões das margens e no despejo de lixo que já travou o curso natural da água.

O ponto crítico fica na ponte que separa os bairros de Porto da Madeira, na Zona Norte do Recife, e São Benedito, em Olinda, nas proximidades da Rua Dalva de Oliveira, do lado da capital, e da Avenida Presidente Kennedy, na Marim dos Caetés. O acúmulo de detritos – carcaças de geladeiras, garrafas plásticas e até animais mortos – é tamanho que represou a água, permitindo que uma vasta vegetação crescesse no local. Nas duas margens, construções irregulares completam o quadro desolador.

Quando chove, o resultado é previsível, principalmente para quem mora nos barracos mais próximos ao rio. “A gente tem que sair nadando, às vezes não dá tempo nem de tirar as coisas”, comenta a doméstica Mirtila Ferrari, que vive em um casebre embaixo do pontilhão que liga o Recife a Olinda. 

Mesmo as residências mais afastadas do Beberibe, em ruas urbanizadas, não escapam da fúria das águas. “Aqui em casa já teve alagamento de um metro de altura. Desde então, eu mantenho os eletrodomésticos em cima de mesas”, conta o mestre de obras Francisco de Assis, morador da Rua Leblon, no Porto da Madeira.

Do lado recifense ainda é possível notar um esforço no sentido de demolir casas e barracos construídos de forma irregular nas margens do curso d´água e levar os moradores para novos habitacionais. Ao todo, 981 famílias foram retiradas das margens pela prerfeitura, passando a ocupar dez habitacionais construídos nos bairros de Beberibe, Campina do Barreto e Porto da Madeira. Mas não há qualquer fiscalização sobre as áreas que foram desocupadas, o que é um convite a novas invasões. No lado de Olinda, quase nada foi feito.

RELATÓRIO

No final de agosto, técnicos da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) estiveram no local e constataram a obstrução do rio devido ao acúmulo de lixo, bem como outras irregularidades como as invasões. A promessa foi a elaboração de um relatório que seria entregue ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), para as devidas providências. O titular da promotoria de Meio Ambiente, Ricardo Coelho, afirma não ter recebido qualquer documento da CPRH sobre o caso.

Sob impacto da crise econômica, o governo do Estado adianta que não há previsão para retomada do projeto de revitalização do Rio Beberibe. Segundo a secretaria executiva de Recursos Hídricos, é preciso verba para uma nova licitação, que englobaria “a construção de uma via marginal e a desapropriação das famílias que hoje ainda residem às margens do Rio Beberibe”.

Ainda de acordo com a secretaria executiva, 95% da dragagem do curso d´água oi concluída, com a retirada de 1,5 milhão de metros cúbicos de areia e sedimentos.

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