Transplantes

Pernambuco faz campanha para aumentar doação de órgãos e tecidos

Central de Transplantes verificou queda de 15% nas doações de órgãos, comparando os números de 2015 e 2016

Da Editoria Cidades
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Publicado em 30/09/2016 às 8:08
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Central de Transplantes verificou queda de 15% nas doações de órgãos, comparando os números de 2015 e 2016 - FOTO: Foto: Divulgação
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Na semana de lançamento da Campanha Nacional de Incentivo a Doação de Órgãos e Tecidos, Pernambuco revela uma queda de 15% no número de doações em 2016, comparado com o ano passado. Foram 111 de janeiro a agosto de 2015 contra 94 este ano, no mesmo período. De acordo com a Central de Transplantes, a negativa familiar responde por 47% das recusas.

A redução nas doações se reflete na quantidade de cirurgias realizados e de vidas que são salvas, observa a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco, Noemy Gomes. De janeiro a agosto de 2016, a Secretaria Estadual de Saúde registrou 1.216 transplantes de órgãos e tecidos. Mas ainda tem uma lista de espera com 1.230 pacientes, dos quais 812 aguardam por um rim e 293 precisam de córnea.

“Precisamos dos profissionais de saúde que trabalham nos hospitais para ajudar nessa cadeia de solidariedade, eles são essenciais para conversar com as famílias dos pacientes e explicar o que se passa quando a pessoa é diagnosticada com morte encefálica”, diz Noemy. A manutenção dos órgãos após o diagnóstico confirmado, acrescenta, é importante para viabilizar os transplantes.

Quanto mais informações a família receber no hospital sobre a morte encefálica, mais segura ficará para se decidir a favor da doação, destaca Noemy. “A morte encefálica vai de encontro ao conceito de morte que aprendemos culturalmente e que está vinculada ao coração. É preciso entender e aceitar que, quando o cérebro deixa de funcionar, o coração vai parar de bater, porque o centro de comando não existe mais.”

Quinta-feira (29), no encerramento da programação da Campanha Nacional de Incentivo a Doação de Órgãos e Tecidos, hospitais pernambucanos fizeram uma série de ações ligadas ao tema. O Estado ocupa o segundo lugar no ranking brasileiro de transplantes de coração e medula óssea (São Paulo é o primeiro colocado) e o primeiro do Norte e Nordeste no procedimento de rim e pâncreas.

Este ano, além da negativa familiar, a Central de Transplantes se deparou com outro problema, que levou à queda nas doações. “No primeiro trimestre, sentimos o impacto das arboviroses. Quem apresentou sintomas das doenças (dengue, zika e chichungunha) nos últimos 30 dias antes da morte não podia ser doador, por recomendação do Ministério da Saúde”, declara Noemy Gomes.

A expectativa da Central de Transplantes, com a campanha, é aumentar as doações. “Normalmente, começamos a ter retorno no mês seguinte. E para manter o pico, é importante o engajamento dos profissionais dos hospitais, na identificação de possíveis doadores e na sensibilização de familiares dos pacientes.”

CORAÇÃO

“A doação é um momento de sofrimento para uns e a esperança de uma vida nova para outros”, avalia Maria Gorette Braga Azevedo, 61 anos, submetida a um transplante de coração há dois anos. “Desde 28 de março de 2014 eu sou outra pessoa, vivo sem nenhum problema com o coração de um rapaz de 25 anos”, diz Maria Gorette.

Ela descobriu a doença em 2012, o problema se agravou em 2014 e em fevereiro do mesmo ano entro na fila de espera. “Quem ama é o cérebro e não o coração. Meus sentimentos continuam os mesmos de antes da cirurgia. Tenho o maior carinho pela família do doador, mesmo sem conhecê-la. Rezo por ele e por seus parentes todos os dias”, declara.

A Central de Transplantes homenageou familiares de doadores e as instituições parceiras na abertura da campanha, terça-feira passada (27).

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