Patrimônio

Palacetes antigos enchem de charme a Avenida Rui Barbosa

Num passeio a pé pela avenida, que corta bairros da Zona Norte do Recife, é fácil identificar os palacetes, remanescentes de velhas moradias da cidade

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 02/10/2016 às 8:08
Foto: Guga Matos/JC Imagem
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A Casa Cor Pernambuco, este ano, ocupa um casarão colonial da Avenida Rui Barbosa, nas Graças, bairro da Zona Norte do Recife. Construído por volta de 1850 (século 19), em estilo classicista imperial, o palacete era uma das residências do industrial Othon Lynch Bezerra de Melo. E passou por reforma com ampliação em 1920, de acordo com pesquisa da arquiteta Juliana Barreto, diretora de Estudos Regionais e Urbanos da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa.

Carimbado com a numeração 471 da Rui Barbosa, o imóvel fica ao lado do Palácio dos Manguinhos e é remanescente dos palacetes da avenida. Visitantes da mostra de arquitetura, decoração e paisagismo, em cartaz até 6 de novembro de 2016, podem aproveitar o passeio para conhecer outras edificações que se destacam na via. Nem todas são abertas ao público. Mas vale a pena olhar nem que seja a fachada.

Foto: Guga Matos/JC Imagem
Solar da Jaqueira, no Recife, inaugurado em 1891, era residência da filha do Barão Rodrigues Mendes - Foto: Guga Matos/JC Imagem
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O palacete inglês da Av. Rui Barbosa (Recife), com arcos góticos, tem estilo arquitetônico eclético - Foto: Guga Matos/JC Imagem
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A casa de veraneio do Barão de Beberibe, no século 19, é ocupada pelo Museu do Estado de Pernambuco - Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Colunas clássicas e janelas góticas definem o casarão do museu como uma edificação de gosto eclético - Foto: Guga Matos/JC Imagem
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O Palácio dos Manguinhos, nas Graças, foi construído pelo Visconde Loio, comerciante português - Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Construção do fim do século 19, o Palácio dos Manguinhos é a sede da Arquidiocese de Olinda e Recife - Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Construído no início do século 20, o Palacete dos Amorins era usado como residência até os anos 1940 - Foto: Guga Matos/JC Imagem
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O sobrado de estilo arquitetônico neoclássico, perto da Av. Agamenon Magalhães, é ocupado pelo TRE - Foto: Guga Matos/JC Imagem
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O casarão neoclássico era a moradia do comerciante pernambucano Herculano Alves da Silva - Foto: Guga Matos/JC Imagem

 

O Palácio dos Manguinhos, por exemplo, era a residência do comerciante português José da Silva Loio (Visconde Loio), que fez fortuna no Recife. “Ele gastou 200 contos na construção e mais 200 contos para alfaiar (decorar com móveis, louça, porcelana) a casa. Na época, era muito dinheiro”, diz Reinaldo Carneiro Leão, secretário do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

A edificação foi construída no fim do século 19 e desde 1917 funciona como a sede da Arquidiocese de Olinda e Recife. “Depois da morte do visconde, o bispo dom Sebastião Leme comprou o imóvel à viúva”, informa padre Luciano Brito, coordenador da Pastoral da Comunicação (Pascom) da instituição religiosa. A casa, diz Reinaldo, tinha linhas retas e só ganhou o terraço com arcos visível aos passantes ao ser adquirida pela arquidiocese.

Na Rui Barbosa (esquina com a Avenida Doutor Malaquias), o visitante da Casa Cor vai encontrar a antiga moradia do Barão Rodrigues Mendes, famoso comerciante de bacalhau no Recife do século 19. O solar do barão, de estilo arquitetônico neoclássico, hoje abriga a sede da Academia Pernambucana de Letras (APL) e passa por obra de restauração. As fachadas de azulejo já estão recuperadas.

RESIDÊNCIA

Também vale dar uma espiada no Solar da Jaqueira, uma clínica pertinho da Academia Pernambucana de Letras, com seu estilo chalé preservado na fachada decorada com azulejos. No passado, era a residência de Elvira, filha do Barão Rodrigues Mendes e casada com o Doutor Malaquias que empresta o nome à avenida ao lado da APL, conta Reinaldo Carneiro Leão. “Trinta anos atrás ainda se via a data de inauguração no alto da casa: 1891”, comenta.

Um pouco mais adiante, entre o Solar da Jaqueira e o sobrado ocupado pela Casa Cor, há um palacete que mantém o uso residencial, em frente ao Colégio Damas. Com arcos góticos e balcão românico, é um típico representante da arquitetura eclética do Recife. E fica a poucos metros da casa de veraneio do Barão de Beberibe, atual sede do Museu do Estado de Pernambuco, na esquina com a Rua Amélia.

Quase na esquina com a Avenida Agamenon Magalhães, o palacete dos Amorins foi restaurado e passou a ser utilizado pela Universidade de Pernambuco (UPE), quatro anos atrás. O imóvel serviu como residência para a família do comerciante português até os anos 30 e 40 do século passado.

O sobrado escolhido para receber a 19ª edição da Casa Cor estava fechado, sem uso e praticamente escondido pelo matagal, na esquina da Rui Barbosa com a Rua Cardeal Arcoverde. Para abrigar o evento, a edificação passou por alguns reparos.

“Fizemos consertos sem alterar as características do casarão. Todas as intervenções executadas estão aprovadas pela DPPC (Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural do Recife) e são reversíveis. Vamos devolver a edificação ao proprietário do mesmo jeito que recebemos”, afirma a arquiteta Tetê Brandão, que coordenou a obra para a Casa Cor.

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