SEGURANÇA

A difícil missão de colocar o Pacto pela Vida nos trilhos

Novo secretário de segurança assume em meio a altos índices de criminalidade

JC Online
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Publicado em 07/10/2016 às 8:30
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Novo secretário de segurança assume em meio a altos índices de criminalidade - FOTO: Reprodução/Facebook
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Ao assumir, hoje, a Secretaria de Defesa Social (SDS), o delegado aposentado da Polícia Federal (PF) Ângelo Fernandes Gioia vai encontrar um cenário desolador na segurança pública do Estado. Os números de homicídios seguem na curva ascendente iniciada em 2013, após cinco anos seguidos de redução, de 2008 a 2012. Entre janeiro e setembro deste ano, segundo dados (ainda não consolidados) do próprio governo, 3.131 pessoas foram assassinadas, contra 2.797 no mesmo período de 2015. Um acréscimo de 11,9%.

O carioca Gioia, de 52 anos, sucede o também delegado da PF Alessandro Carvalho, que estava na pasta desde dezembro de 2013 e que alegou motivos pessoais para se desligar do cargo. Trata-se do quinto secretário a chefiar a SDS desde a criação do Pacto pela Vida, em 2007. Foi precedido, além de Carvalho, por Romero Meneses, Servilho Paiva e Wilson Damázio, todos delegados da Polícia Federal. Não é a primeira passagem do policial aposentado pelo Recife: entre 2007 e 2008, Gioia foi superintendente da PF no Estado.

O novo titular assume as forças de segurança de Pernambuco no momento em que o Pacto pela Vida é retirado até de vídeos institucionais do próprio governo e em que a atual gestão do programa é duramente criticada pelo seu mentor, o sociólogo José Luiz Ratton. 

PROBLEMAS

Motivos não faltam. A sensação de insegurança da população – admitida pelo próprio governador Paulo Câmara em entrevista recente – cresce, na esteira do aumento do número de crimes contra o patrimônio (roubos, furtos, sequestros, entre outros). O acréscimo foi de 30,1% entre 2014 e 2015. 

Seis das dez cidades com o maior número de homicídios por grupo de cem mil habitantes estão no Grande Recife, área mais populosa do Estado. Ainda existem municípios como o Cabo de Santo Agostinho, cujos 80,66 assassinatos por grupo de cem mil habitantes (dados de 2015) ficam 177% acima da média nacional, que segundo o Atlas da Violência, publicado em março, é de 29. No mês passado, uma onda de casos de estupro na Região Metropolitana do Recife (RMR) fez vítimas e levou pânico às mulheres. No interior do Estado, quadrilhas especializadas na explosão de agências bancárias atacaram 38 vezes apenas neste ano. 

Antes fossem apenas os problemas externos os grandes adversários de Gioia na gestão que começa hoje. O novo secretário vai encontrar uma Polícia Civil com um déficit de efetivo estimado em 50% pelas entidades sindicais da categoria. Delegacias em mau estado de conservação e plantões sendo fechados no interior por falta de delegados completam o quadro negativo da corporação. 

Sobre a Polícia Militar recai uma das maiores reclamações da população desde que a criminalidade voltou a assombrar o Estado, a partir de 2013: a falta de policiais nas ruas. Ângelo Gioia tem o desafio de otimizar o efetivo e injetar ânimo numa corporação que valoriza a voz de comando. “O clima entre Alessandro Carvalho e PM não estava bom. Era muita cobrança para pouca condição de trabalho”, diz, em reserva, um oficial militar.

Ângelo Gioia será apresentado à cúpula da segurança pública do Estado às 9h, na reunião semanal do Pacto pela Vida, que acontecerá na sede da Secretaria de Planejamento (Seplag), no bairro de Santo Amaro, área central da cidade. Às 13h, no mesmo local, ele concederá a primeira entrevista como novo titular da pasta.

 

 

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