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Aquecimento global pode repercutir em áreas de mangues e canais

Especialista defende estudo de variação do nível do mar, no Recife, para detectar áreas que seriam mais atingidas

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Publicado em 25/11/2016 às 20:29
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Especialista defende estudo de variação do nível do mar, no Recife, para detectar áreas que seriam mais atingidas - FOTO: Divulgação/Th Lima/ExclusivaBr
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Apesar da grande preocupação dos recifenses com o resultado da elevação do nível do mar na Praia de Boa Viagem, na Zona Sul, o impacto do problema pode ser maior em áreas de mangues e canais. A observação é do engenheiro e consultor João Recena, da empresa Projetec, o qual coordenou um painel sobre aquecimento global, nesta sexta, no festival uPlanet, que reune os vários segmentos envolvidos com a questão ambiental, na Avenida Rio Branco, no Recife Antigo, Centro, até o domingo.

O especialista defendeu um estudo de variação do nível do mar para complementar o Plano de Macrodrenagem concluído recentemente pela capital. “Com isso seria possível avaliar quais os bairros mais afetados com a elevação do nível do mar e planejar soluções”, destacou. 

Recena informou que já há cidades fazendo uma estimativa da erosão para quatro, cinco décadas. Com base nisso, autoriza construções mantendo uma área de proteção necessária. “O mais inteligente é se afastar da linha de praia, dar espaço para o mar ir e vir, como foi feito na Reserva do Paiva (no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife), onde há faixas de até 200 metros de proteção.  É preciso planejamento”, declarou.

Onde o problema já está instalado, o jeito é remediar. “Não se consegue combater a erosão, a solução é conviver. Hoje há um modelo matemático que simula a posição de uma barreira, como o espigão que existe em Olinda. Se ele não for desenhado corretamente, a água não circula, trazendo prejuízos à balneabilidade”, explicou. “Sentar e esperar não deveria ser o caminho”.

Mobilidade do Futuro

Outro tema discutido no festival, nesta sexta, foi a mobilidade do futuro, com gestores dos aplicativos Uber e 99. Ambos traçaram um cenário de crescimento para esse tipo de serviço, inclusive com compartilhamento de corridas, situando-o como um modelo  sustentável. “Hoje, 4% das corridas de táxi e aplicativos são compartilhadas, mas a previsão é de que em 2030 esse índice chegue a 26”, salientou Andrea Leal, gerente de políticas públicas do Uber.

Ela afirma que a ideia não é tirar cliente dos táxis, mas tirar as pessoas de seus carros, “que ficam 95% parados e exigem um alto investimento público em infraestrutura”. 

“Se em 2050 todos viverem como os americanos, vamos jogar 63 bilhões de toneladas de gás carbônico no ar. Teremos mais de 140 mil quilômetros quadrados de estacionamento. É preciso investir com consciência social e dar oportunidade à tecnologia”, complementou João Sabino, diretor de relações governamentais do 99.

A gestora ambiental Andreia Santos, 33, discorda dessa visão. “Eu uso o uber, mas opção de mobilidade é ônibus, é bicicleta, temas que não vieram para a discussão. Também senti falta de se falar sobre o agronegócio e seu impacto sobre o meio ambiente, parece um tema proibido. Mas no geral o encontro é muito importante, estou gostando”, disse.

Por volta das 17h, taxistas geraram um tumulto junto a contêineres de divulgação do Uber, na Avenida Rio Branco. Alguns gritavam que iam quebrar tudo, porque eles não pagavam impostos e estavam acabando com a classe. A presença de policiais militares e guardas municipais inibiram um problema maior.

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