Patrimônio

Academia Pernambucana de Letras reaberta ao público em janeiro de 2017

Casarão onde funciona a Academia Pernambucana de Letras, nas Graças, foi restaurado e transformado em museu

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 11/12/2016 às 7:07
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Avenida Rui Barbosa, 1596. Guarde bem este endereço. É de um casarão neoclássico antigo, nas Graças, bairro da Zona Norte do Recife, reduto dos literatos da centenária Academia Pernambucana de Letras (APL). A partir de 17 de janeiro de 2017 o charmoso solar do Barão Rodrigues Mendes estará aberto a todos os mortais, restaurado e mobiliado como uma moradia típica das famílias abastadas do século 19.

O casarão, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é revestido de azulejos portugueses, forrado com piso de mosaico inglês, ambientado com móveis de carvalho da Áustria e iluminado por lustres franceses. Uma moradia cosmopolita no passado. Um museu para contar a história de Pernambuco no presente. Mesas de madeira fabricadas especialmente para casa do barão fazem parte da exposição.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Academia Pernambucana de Letras (APL), nas Grraças, Recife, foi restaurada e transformada em museu - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A sala de reuniões da APL, antiga sala de jantar da casa, é iluminada por lustre de cristal Baccarat - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O casarão onde funciona a APL foi ambientado como moradia de uma família rica do Recife no século 19 - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O solar do Barão Rodrigues Mendes, sede da APL, no Recife, conserva piso de mosaico inglês nas salas - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Uma escada de madeira leva o visitante ao primeiro andar da APL, instalada num casarão neoclássico - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Sala de música do casarão da Academia Pernambucana de Letras, nas Graças, Zona Norte do Recife - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A cama do Barão Rodrigues Mendes e o berço da família estão expostos no solar, transformado em museu - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A cama do Barão Rodrigues Mendes e o berço da família estão expostos no solar, transformado em museu - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Parte da mobília usada para decorar o casarão da APL pertenceu à família do barão Rodrigues Mendes - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Margarida Cantarelli, presidente da APL. A instituição ocupa a antiga casa do barão Rodrigues Mendes - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Ao ficar viúvo, o barão Rodrigues Mendes passou a morar neste torreão e deixou a casa para as filhas - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

 

Inicialmente, a APL pretende receber o público apenas às terças-feiras e quintas-feiras, das 14h30 às 17h30, cobrando uma taxa simbólica com valor a ser definido, para ajudar na manutenção do museu. “Em função da demanda, é possível fazer alterações no horário”, avisa a presidente da academia, Margarida Cantarelli. As visitas podem ser agendadas pelo site (www.aplpe.com.br) ou pelo telefone 81 3268-2211 no horário comercial.

O solar histórico teve fachadas, cobertas, estuques, forros e azulejos restaurados pela equipe do arquiteto Jorge Passos, num trabalho financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com 12 meses de duração. A verba também custeou a recuperação física do torreão, uma construção de dois pavimentos no quintal onde o barão recolheu-se a partir de 1878, quando ficou viúvo, deixando a casa para as filhas.

Cada ambiente do sobrado ganhou decoração específica. Na sala de fumar, restrita aos homens no século 19, há móveis da família feitos de carvalho, cadeiras, escrivaninhas e escarradeiras de louça espalhadas pelo chão. Uma mesa para oito lugares ocupa o centro da sala das senhoras (hoje sala dos retratos). “Originalmente a mesa era da sala de jantar e podia ser aberta para acolher até 24 cadeiras”, diz Margarida Cantarelli, ao mostrar a casa.

A sala das senhoras foi decorada com retratos da família do português João José Rodrigues Mendes (1827-1893), importador de bacalhau que recebeu no Recife o título de barão. Ele, a esposa, filhos e o genro Malaquias Antônio Gonçalves – o Doutor Malaquias que batiza a avenida ao lado do casarão – estão imortalizados em quadros pendurados nas paredes.

Ainda no andar térreo, o visitante pode contemplar na sala de reuniões da APL (a sala de jantar do barão) um autêntico lustre de cristal Baccarat. “Conseguimos restaurar todos os lustres franceses e os lampiões com a ajuda de particulares”, observa Margarida. Objetos de uso pessoal do comerciante, como escovas de cabelo, são exibidos ao público numa vitrine.

JARDIM

Quartos de dormir, de vestir e de orações foram remontados no primeiro andar. “Essa é a cama do barão e este é o berço usado pela família”, destaca Margarida. Do terraço neste piso superior, voltado para a Avenida Rui Barbosa, ela aponta o lampião francês instalado no meio de um canteiro criado onde antes havia uma fonte de água, bem na entrada casa.

“Herdeiros do barão estiveram na academia e disseram que não havia fonte no jardim, mas sim o lampião. Não destruímos a fonte, só fechamos a área para fazer o canteiro”, explica. Os jardins estão sendo recuperados por particulares. “Conseguimos, com doações, reformar os móveis da casa e também o auditório, que agora tem camarim, copa e banheiro de apoio para as apresentações artísticas.”

O auditório e outros espaços da APL podem ser alugados para concertos musicais, lançamentos de livros, recepções de casamentos, festas de aniversário e outros eventos do gênero, diz Margarida Cantarelli. O novo visual do sobrado, sede da APL desde a década de 1970, será apresentado a convidados nesta segunda-feira (12), a partir das 16h, numa solenidade em homenagem aos 50 anos do escritor Marcos Vinicios Vilaça como integrante da academia.

Em janeiro, com as visitas liberadas, não deixem de conhecer o cantinho de viúvo do barão, mobiliado com escritório no térreo e alcova no primeiro andar, com cama, lavabo e quadros. Ele comprou a casa em 1863. A APL foi fundada em 1901.

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