Com os policiais e bombeiros militares em operação-padrão há 29 dias, os comandantes das duas corporações discutem, nesta quarta, uma proposta de reajuste salarial e melhoria das condições de trabalho para a categoria junto ao núcleo de gestão do Governo do Estado. Ontem, familiares de PMs e bombeiros realizaram uma passeata para pressionar o governo a reabrir as negociações com as entidades de classe. Mas, conforme a assessoria de Paulo Câmara, as associações continuam fora da reunião, que estaria sem horário certo.
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Contudo, a comissão recebida no palácio pelo chefe da Casa Militar, coronel Eduardo Pereira, informou que o Estado ficou de dar uma resposta até esta quarta. “Vamos aguardar agora o desfecho. Espero que usem o bom senso e voltem a mesa de negociações”, declarou Jane Leite, esposa do vice-presidente da Associação de Cabos e Soldados (ACS), Nadelson Leite, uma das organizadoras da caminhada.
As associações faziam parte de um fórum de negociação extinto no dia 6 de dezembro, mesmo dia em que os militares realizaram a primeira passeata por reajuste salarial e decidiram iniciar a operação-padrão e sair do Programa de Jornada Extra de Segurança (Pjes). Desde então, a posição do governo foi de que as negociações seriam feitas exclusivamente com os comandos.
No dia 21, os representantes das entidades foram recebidos pelos comandantes da PM e do Corpo de Bombeiros, os coronéis Carlos D'Albuquerque e Manoel Cunha, aos quais a proposta da categoria foi entregue. Em seguida, a PM comunicou à imprensa que só daria continuidade aos encontros se os serviços fossem normalizados.
Passeata
Proibidos pela Justiça de fazer movimentos, os militares buscaram o apoio de suas mulheres, maridos e filhos, que realizaram a Marcha da Família, saindo do Derby às 16h50 e chegando ao Palácio uma hora depois. No caminho, muitas denúncias de perseguições, falta de condições de trabalho e estresse extremo. “Meu marido sai de casa às 18h, volta às 6h e não pode descansar duas horas pois tem de ir fazer hora extra até as 23h. Chega morto de cansado, mas se não fizer não paga nossas contas. A gente está sofrendo o sofrimento deles”, declarou, revoltada, a dona de casa Rejane Ferreira, 36, com a filha de um ano nos braços e o filho de 4 anos ao lado.
“Por que os policiais civis ganham mais que os PMs se eles estão mais expostos nas ruas? Sem coletes à prova de balas, sem munição, obrigados a fazer hora extra. Minha filha de 7 anos chora de saudade do pai, não temos lazer”, reclamou a dona de casa Adriana Falcão, 40.
Exército
Ontem foi o último dia do Exército nas ruas. Os policiais dizem que vão continuar o movimento. Segundo o secretário de Defesa Social, Angelo Gioia, a presença deles “não se faz mais necessária na atividade ostensiva, que continuará sendo garantida, em sua plenitude, pelo Estado”.