A professora pernambucana Cláudia Vieira, 48 anos, e seu marido, o funcionário público Julles Ramon Tavares, 46, multiplicaram o amor. Ganharam três filhas, todas já adolescentes. Em 2014 chegou Anne Maria, 15 anos. No ano seguinte, veio Polyana Maria, 16. Em 2016 surgiu Vanessa Maria, 14. As três jovens foram adotadas pelo casal, que já tinha duas filhas biológicas, Bárbara, 23, e Ana Gabriela, 18. Em tão pouco tempo, a família cresceu e prova que não há limite de idade para adoção. Cláudia e Julles retratam um novo perfil de casais que realizam o sonho da paternidade adotando crianças maiores de 7 anos, para alegria dos que esperam ansiosamente a chance de sair dos abrigos e crescer em um lar.
“Sempre desejamos uma família grande. Eu dizia que queria 10 filhos. Nasceu Bárbara, depois Ana Gabriela. Como a segunda filha teve problemas alérgicos adiamos a vontade de ter mais crianças para cuidar dela. Quando percebemos o tempo tinha passado e havíamos ficado apenas com as duas”, conta Cláudia. Ao participarem de uma festa de Natal em um abrigo, em 2013, reavivaram o desejo de quando eram ainda namorados.
“Conversamos com nossas filhas e decidimos que adotar mais duas meninas. Nos inscrevemos no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e colocamos que queríamos garotas com até 8 anos. Mas ao participarmos de um curso de pretendentes a adoção percebemos quantas crianças maiores deixam de ser adotadas. A maioria das famílias quer um bebê, branco, de olhos claros. Mas os abrigos estão cheios de crianças reais, sem esse perfil. Mudamos e definimos apenas que seria menina com até 14 anos”, relembra.
A informação foi colocada de manhã no CNA. À tarde havia dezenas de telefonemas no celular de Cláudia, vindos de abrigos de vários lugares do Brasil. Um deles uma instituição de acolhimento de São Paulo, para contar a história de Anne. Mais velha de um grupo de seis irmãos, a adolescente estava há três anos no abrigo. Começava uma depressão porque os irmãos tinham sido adotados e ela não. “Nos chamou a atenção a vida de Anne, que sempre foi muito guerreira”, diz Cláudia.
Em uma semana, o casal que nunca havia ido a São Paulo estava com passagens compradas. Coração aos pulos, cumpriu os trâmites jurídicos até conhecer a futura filha. Depois da certeza de que Anne voltaria com eles para o Recife, presentearam-na com um par de brincos. “Há o costume de colocar brincos na filha que acaba de nascer. Ali Anne nasceu para nós. Por isso, os brincos em formato de coração”, relembra Cláudia. A adolescente foi recebida pelas novas irmãs com uma festa.
Embora tenha sido a segunda a ser adotada, Polyana, órfã havia dois anos, já tinha conhecido Cláudia e Julles antes de eles se inscreverem no CNA. Desde o primeiro dia que os viu no abrigo, a moça conta que sentiu o coração bater forte e sabia que ali estavam seus futuros pais. Por mais de um ano não se viram. Até que se reencontraram, a pedido dela. “Polyana nunca nos esqueceu. Demos entrada no pedido de adoção e ela se tornou nossa quarta filha”, explica Julles.
Quando encerravam o processo, assistiram a um vídeo do programa Adote um Pequeno Torcedor, do Sport Clube do Recife. Nele, várias crianças com mais de 7 anos pediam para ser adotadas. Uma delas era Vanessa, que havia sido irmã de Polyana em uma das casas de acolhimento. Como Anne, ela viu seus três irmãos mais novos serem adotados e ela não. “Mais uma vez decidimos que era hora da família crescer. Vanessa é a nossa quinta filha”, conta Cláudia.
FUTURO
E quem pensa que eles pretendem parar está enganado. O casal assegura que chegará aos 10 filhos. “Tudo o que crianças e adolescentes querem é amor. Quando abrimos nossos corações tudo fica mais fácil. O amor transforma, eles nos ensinam e aprendem conosco. É um enriquecimento dos dois lados”, reforça Cláudia, garantindo que agora vão partir para adoção de irmãos. “Quando eu era solteiro ouvi uma frase dizendo que a cada filho que chega Deus abre uma porta. Não temos medo. Deus vai abençoando e tudo dá certo”, complementa Julles.