O cenário típico da região semi-árida é a marca registrada da Praça Euclides da Cunha, cactário defronte ao Clube Internacional do Recife. Projetado por Burle Marx em 1935, o jardim é salpicado de pés de coroa-de-frade, facheiro e xique-xique, vegetação que ele trouxe da caatinga para o litoral de Pernambuco, numa homenagem ao escritor Euclides da Cunha (1866-1909), autor do livro Os Sertões.
Assim como aconteceu com a Praça Faria Neves (Dois Irmãos), a Praça Euclides da Cunha foi descaracterizada com o passar dos anos. Só em 2004, com o replantio das espécies indicadas por Burle Marx para o canteiro central, a área voltou a ser o Cactário da Madalena. Mas é preciso manter no local um jardineiro instruído para cuidar das cactáceas, alerta a arquiteta Ana Rita Sá Carneiro.
Coordenadora do Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ela orientou a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emurb) na obra de restauração da área verde, iniciada em 2003. “Espécies plantadas na época do projeto, como o mulungu, morreram e ainda não foram substituídas. O estado de conservação da praça é bom, mas faltam esses cuidados”, afirma Ana Rita.
Em relatório sobre a situação dos seis jardins de Burle Marx tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), enviado pelo Laboratório da Paisagem à Emlurb, o biólogo Joelmir Silva enumera vegetais previstos no projeto original que precisam ser plantados na Praça Euclides da Cunha: caraibeira, pau-ferro, tamboril, aroeira-do-sertão, paineira, umbu, mandacaru e bugi.
“Todo jardim é perecível e renovável, daí a importância do jardineiro, para a conservação das plantas; e de uma sementeira, para garantir a reposição. Quando uma coroa-de-frade morre, deve ser substituída por outra da mesma espécie, para evitar descaracterização”, destaca Ana Rita. O jardineiro, diz ela, precisa ser treinado para lidar com cactos, que não podem ser encharcados e são plantas cheias de espinhos.
MANUTENÇÃO
A Praça Euclides da Cunha, adotada pela Construtora Modesto, ocupa terras do antigo Engenho Madalena. O presidente da Emlurb, Roberto Gusmão, informa que a tarefa dos adotantes é fazer a manutenção das praças. “Para qualquer outra ação eles devem nos consultar ou procurar o Laboratório da Paisagem da UFPE”, declara Roberto Gusmão, acrescentando que os padrinhos terão uma aula com orientações sobre os cuidados com esses jardins.
Semana passada havia panelas e garrafas de refrigerantes e de vidro vazias escondidas entre as cactáceas. “A praça é bonita, só falta mais limpeza e segurança”, diz o desempregado Alexandre Xavier, que descansava num dos bancos da Praça Euclides da Cunha. “As plantas estão secas e maltratadas, com ar de abandono”, observa a estudante Sandra Silva.
Para mais informações sobre a adoção de praças é preciso entrar em contato com a Emlurb pelo telefone (81) 3355-5540.