Uma das maiores redes “atacadistas” de drogas do Grande Recife – e que também atuava nos Estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte – foi desarticulada na manhã de ontem pela Polícia Federal. A quadrilha era liderada por um casal que residia no bairro da Torre, Zona Oeste da capital, e tinha participação de outros integrantes da família. Sua base de operações eram os municípios de Paulista e Igarassu, também na Região Metropolitana, de onde eram vendidos cocaína, maconha e crack em grandes quantidades.
O grupo era responsável pela distribuição das drogas vindas de outros Estados, inclusive para o sistema prisional de Pernambuco. Para encobrir a atividade ilegal, os criminosos utilizavam estabelecimentos comerciais como posto de combustível, concessionária de veículos, lava jato e escritórios de contabilidade. Em diferentes pontos do Grande Recife, os policiais federais apreenderam, na manhã de ontem, 150 quilos de maconha, 20 quilos de pasta base de cocaína, 500 gramas de crack, além de armas e veículos do bando. Foram presas 12 pessoas acusadas de envolvimento com a quadrilha.
RAMIFICAÇÕES
A PF afirma ainda estar investigando de onde o grupo comprava os entorpecentes, mas existe a suspeita de que sejam de organizações do Sul-Sudeste do País. O superitendente da corporação no Estado, Marcello Diniz Cordeiro, no entanto, diz que não há, em princípio, conexão com as grandes facções criminosas do Rio de Janeiro e de São Paulo. “As cargas vinham escondidas em caminhões comerciais, como de comida, e aqui eram distribuídas por eles para pontos de venda”, explica.
As investigações começaram em novembro de 2016, quando agentes federais apreenderam, em Olinda, um caminhão com duas toneladas de maconha. “A partir das prisões realizadas naquele dia, pudemos identificar a existência de um grupo maior e muito organizado, e começamos a acompanhar a movimentação desses criminosos”, comenta a delegada Adriana Vasconcelos, que coordenou a operação de prisão do grupo.
Segundo ela, uma das coisas que chamou atenção foi o rápido crescimento patrimonial de algumas das pessoas investigadas. “Para tentar despistar a polícia, eles adquiriam muitos imóveis em nome de outras pessoas. Mas o que tinham já era incompatível com as respectivas declarações do Imposto de Renda”, comenta.
Entre os imóveis, estavam um clube recreativo em Jaboatão dos Guararapes, um posto de combustível em Igarassu, uma concessionária de veículos e um lava jato em Paulista, além de apartamentos em Olinda e no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife.
De acordo com o superintendente da PF em Pernambuco, as investigações vão continuar, pois outras ramificações do bando não estão descartadas. Os integrantes da quadrilha serão indiciados pelos seguintes crimes: tráfico e associação (de cinco a 30 anos de reclusão), lavagem de dinheiro (de três a dez anos de reclusão) e organização criminosa (pena de três a oito anos de reclusão). As dozes pessoas foram recolhidas, ainda ontem, para o Centro de Triagem e Observação Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife, onde ficarão à disposição da Justiça.