VIOLÊNCIA

Grupos de extermínio voltam à ativa

Organizações também exploram tráfico de drogas e roubos a bancos

JC Online
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Publicado em 18/03/2017 às 18:52
Erick França/Rádio Jornal
Organizações também exploram tráfico de drogas e roubos a bancos - FOTO: Erick França/Rádio Jornal
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Em versão turbinada, os grupos de extermínio, que no passado apenas matavam mediante pagamento, agora também exploram atividades como tráfico de drogas e assaltos a bancos. Para a Polícia Civil, não há dúvida de que o aumento nos índices de homicídios em Pernambuco – em crescimento desde 2013, após cinco anos seguidos de redução – tem relação direta com a volta à ativa dessas quadrilhas, que haviam sumido do noticiário e do imaginário popular. Ou seja, se hoje o Estado ostenta o recorde negativo de quase mil assassinatos apenas nos primeiros dois meses do ano, parte importante é responsabilidade desses grupos.

Duas dessas organizações estão aterrorizando a Zona Norte do Recife, mais precisamente os bairros do Vasco da Gama, Bomba do Hemetério e adjacências. Apenas na noite da última quinta-feira foram quatro assassinatos na área: dois no Vasco da Gama, um no bairro de Nova Descoberta e outro na Linha do Tiro.

MATANÇA

A matança, segundo a Polícia Civil, tem patrocínio dos grupos do ex-policial militar Marcos Antônio de Souza, 49 anos, o Marcos Galo, e de Luciano Pereira da Silva, 39, o Lúcio da Bomba. As duas facções estão em plena guerra pelo controle da criminalidade na Zona Norte.

Lúcio da Bomba foi morto a tiros de fuzil na tarde do último dia 9, na Rua Jerônimo Vilela, uma das mais movimentadas do bairro de Campo Grande, também na Zona Norte. Estava dentro de um carro na companhia do cabo da PM Eduardo Leite e da esposa deste. O casal escapou com vida do atentado.

Na manhã de ontem, a Polícia Civil divulgou as fotos de cinco integrantes da quadrilha rival, entre eles o próprio Marcos Galo. De acordo com a corporação, o autor dos disparos que mataram Lúcio da Bomba é outro integrante do grupo: o cabo da Polícia Militar Cláudio da Silva Melo, lotado no 11º Batalhão, no bairro de Apipucos, também na Zona Norte. Ele chegou a ser preso em flagrante, mas foi liberado em audiência de custódia. Cláudio está foragido desde a última segunda-feira, quando apresentou um atestado médico ao comando do batalhão.

Outros três homens – Denilson Moreira da Silva, 41 anos, José Roberto de Farias, 39 anos, e Tancredo Miternis Teixeira, 30 anos – são apontados commo participantes do grupo de extermínio de Marcos Galo e estão com prisões decretadas pela Justiça. Todos têm passagem pelo sistema prisional por crimes como homicídio, roubo, tráfico de drogas e associação para o crime. Segundo a Polícia Civil, Galo foi preso em 2009 por envolvimento em grupo de extermínio, e, posteriormente, expulso da corporação.

Lúcio e Marcos eram parceiros em uma organização criminosa, até se desentenderem e formarem grupos próprios. Lúcio da Bomba foi integrante dos Thundercats, o mais notório grupo de extermínio do Estado, criado no bairro de Jardim São Paulo, na Zona Oeste, e que teve atuação no final dos anos 1990 e começo dos anos 2000. Ele foi um dos assassinatos da promotora de Justiça Maria Aparecida Clemente, morta com dois tiros na nuca e jogada em um lixão do município de Igarassu, no Grande Recife. em 2001.

O chefe de Polícia Civil, Joselito Kehrle do Amaral, explica que o novo foco da corporação para a redução de homicídios no Estado é desarticular grupos que, a exemplo dos que agem na Zona Norte do Recife, matam de forma contumaz. “Existem investigações do tipo do Litoral ao Sertão, algumas mais adiantadas. E não está descartado o envolvimento de outros policiais em ações do tipo”, completa o delegado.

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