Livros raros

Livros raros da Biblioteca Pública de Pernambuco são restaurados

Biblioteca selecionou seis livros raros do acervo para recuperar as edições em papel e digitalizar os documentos, do século 19

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 23/04/2017 às 7:07
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Biblioteca selecionou seis livros raros do acervo para recuperar as edições em papel e digitalizar os documentos, do século 19 - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco, localizada no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife, tem um acervo de quase 15 mil livros raros. Seis deles, editados no século 19, fragilizados pelos anos e castigados pelo manuseio foram escolhidos para serem restaurados e, assim, ganhar mais tempo de vida. O trabalho teve início em novembro de 2016 e termina em maio de 2017, incluindo a digitalização das obras literárias.


Com os livros escaneados, a biblioteca vai oferecer ao pesquisador o conteúdo em formato digital, preservando as publicações antigas de papel que passaram pelo processo de restauração. “Conseguimos clarear manchas de fungos, equilibramos a acidez e corrigimos perdas de papel. Mas não temos como recuperar letras e palavras perdidas”, afirma a restauradora Suzana Omena, da Grifo Diagnóstico e Preservação de Bens Culturais.


A empresa foi contratada para fazer a recuperação dos livros raros, que estavam com as folhas escurecidas e quebradiças, condições típicas do envelhecimento natural do papel. “Daí a importância da digitalização, a biblioteca pode até mostrar as publicações ao pesquisador a título de curiosidade, porém, o manuseio deve ser evitado”, observa Suzana Omena, coordenadora do serviço de restauração.


O primeiro passo na recuperação dos livros, diz Suzana, é a desinfestação, para eliminar insetos. Depois, é preciso tirar as capas e desmontar tudo. As folhas destacadas passam por banhos com água destilada ou deionizada e vaporização com hidróxido de cálcio. “O mais importante é equilibrar a acidez do papel”, declara. Todo esse processo foi realizado na sede da Grifo, no Poço da Panela, Zona Norte do Recife.

SELEÇÃO

Apenas a digitalização é realizada na biblioteca, que conseguiu uma máquina escaneadora para fazer o serviço, ainda com as folhas soltas. “É o ideal para não causar danos na encadernação”, declara Suzana. O acervo raro é composto de publicações dos séculos 16 ao 19 sobre o Brasil colônia, império, holandês e república. “Nossa documentação do século 19 é grande e rica”, diz Poliana do Nascimento Silva, chefe do Setor de Coleções Especiais da Biblioteca Pública.


A seleção dos livros raros para o Projeto de Restauro do Acervo Bibliográfico da instituição, informa Poliana Silva, está apoiada nos seguintes critérios: raridade da publicação, relevância histórica e o reconhecimento como obra de arte. Os três livros escolhidos de Carneiro Vilela (1846-1913) foram editados em Pernambuco e tiveram poucas impressões, exemplifica.


O serviço de restauração dos livros raros custou quase R$ 120 mil, com recursos do Fundo Estadual de Cultura (Funcultura), e nasceu da parceria entre a biblioteca e a empresa Bersato Produção Cultural. “Fizemos outros trabalhos juntos e identifiquei a possibilidade de novos projetos. O acervo bibliográfico da instituição é muito importante”, destaca Saturnino de Araújo, diretor de Produção da Bersato.


“Temos obras únicas na biblioteca”, acrescenta Poliana Silva. Ela disse que está em curso um projeto para digitalização do acervo do século 19 (livros raros e periódicos), em especial as edições publicadas em Pernambuco. O título mais antigo da biblioteca, o Manual de Penitência e Confissões, editado em 1560, no século 16, foi restaurado pelo Laborarte da Fundação Joaquim Nabuco.

LIVROS


Também já passou por reparos o livro de litogravuras Brasil Pitoresco, outra publicação rara do século 19, num trabalho feito pelo Laboratório de Preservação e Conservação da biblioteca, acrescenta Poliana.


Os livros em restauro são: Ornithologie Brésilienne, ou Histoire des Oiseaux du Brésil remarquables par leur plumage, leur chant ou leurs habitudes (1852, dois volumes), de Jean Théodore Descourtilz; A menina de luto (1893); Innah (1894); Três Chronicas: Laurinha, A Yara, O Amor (1894), todos de Carneiro Vilela; e Atlas Histórico da Guerra do Paraguay (1871), de Emílio Carlos Jourdan.


Instalada na Rua João Lira, s/n, a Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco tem origem na Biblioteca Pública Provincial, criada em 1852. Abre para o público de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h45.

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