SEGURANÇA

Comércio do Centro sofre com a violência

Lojistas e consumidores são vítimas frequentes de assaltos

Felipe Vieira
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Felipe Vieira
Publicado em 25/04/2017 às 7:56
Diego Nigro/JC Imagem
Lojistas e consumidores são vítimas frequentes de assaltos - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
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O comércio do Centro do Recife, principalmente nos tradicionais bairros de Santo Antonio e São José, está ameaçado pelo fantasma da criminalidade. Em vias históricas como as Ruas da Palma, Concórdia e Tobias Barreto, são raros os estabelecimentos em que os funcionários não têm uma história de assalto para contar. E o cardápio é variado: vai de pequenos furtos de produtos de mostruário até assaltos a mão armada.

“Fomos assaltados três vezes nos últimos dois meses. Na última, às 16h, com a rua cheia de gente, quatro homens trancaram todos os funcionários no galpão de estoque e levaram todos os celulares do mostruário”, diz o gerente de uma loja da Rua da Concórdia.
Os donos do pedaço ali são os integrantes de uma quadrilha composta por quatro mulheres e dois homens. Eles furtam ventiladores, aparelhos de tv e de som, sempre agindo em grupo. Enquanto alguns distraem vendedores, outros levam os objetos.

Na tarde de ontem, enquanto o JC apurava essa reportagem, eles roubaram uma tv, segundo a gerente de uma loja. “Eu vi eles passarem bem atrás de vocês com a televisão, enquanto vocês gravavam imagens”, conta a mulher, para depois mostrar um vídeo da ação da quadrilha no estabelecimento em que ela trabalha. “Eles passam rindo da nossa cara, mostrando facas e revólveres. Um deles, inclusive, anda com uma tornozeleira eletrônica. Não estão nem aí”.

Por volta das 17h, o movimento nas ruas começa a rarear e, às 17h30, algumas lojas já estão fechando as portas. “Aos sábados, quando é ainda mais deserto, estão todos fechando às 15h, quando o normal seria às 17h”, diz o gerente que foi trancado no estoque da própria loja.

Uma tarde inteira nas ruas do bairro de São José e percebe-se o motivo de os assaltantes agirem com tanta desenvoltura: o policiamento é praticamente inexistente na área. “A gente não vê policial a pé, não vê viatura, não vê nada”, comenta outro gerente. Os únicos agentes do poder público vistos ao longo de uma tarde foram dois guardas da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) que autuavam veículos estacionados de forma irregular.

Um vácuo que leva os transeuntes a fazerem o papel de polícia. Na tarde de ontem, em plena Rua do Sol, um homem que tinha roubado o celular de uma mulher foi imobilizado por outro popular. Preso pelo pescoço por uma chave de braço, foi ameaçado e agredido por outros pedestres, para depois ser amarrado com uma corda por um motociclista que passava pelo local. Quase meia hora depois, uma viatura da PM apareceu.

O diretor executivo da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife, Fred Leal, explica que a entidade recebe, diariamente, denúncias de comerciantes do Centro aflitos com a quantidade de assaltos. “A pressão é muito grande. Há duas semanas enviamos uma carta ao governador do Estado. Também já estivemos com o vice-governador, sempre pedindo para que intercedam nesse sentido”, diz. Segundo Leal, a CDL está finalizando um estudo em que vai aferir o nível de preocupação dos lojistas com a segurança. O documento deve embasar um novo pedido às autoridades por mais policiamento no Centro do Recife.

POLICIAMENTO


Segundo a Polícia Militar, são 15 guarnições que fazem o patrulhamento no Centro do Recife, número que é reforçado em dias de jogos de futebol. De acordo com a assessoria de comunicação da corporação, “existe um Plano Emergencial de Combate que também reforça a segurança no local e que tem por objetivo as abordagens, principalmente em praças públicas. Já foram apreendidas mais de 40 armas brancas nesta operação”, diz o texto.

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