PATRIMÔNIO

Bicas de Olinda serão recuperadas e terão água tratada

Verba federal de R$ 189 mil vai permitir que a prefeitura recupere as três fontes localizadas no Sítio Histórico de Olinda

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 27/04/2017 às 9:43
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Sem manutenção, esquecidas pelo poder público e necessitando de reparos, as três bicas do Sítio Histórico de Olinda, no Grande Recife, serão recuperadas este ano com verba federal. A novidade é que, pela primeira vez, terão dosadores de cloro, permitindo que a água saia tratada e adequada para uso. Pelo menos essa é a promessa da Secretaria Municipal de Patrimônio e Cultura. A expectativa é de começar o serviço até setembro.

As fontes – São Pedro, Quatro Cantos e Rosário – são monumentos históricos, protegidas pelo município e tombadas pela União. Estão inseridas no trecho de Olinda considerado Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco. A licitação será lançada em cerca de 60 dias. É mais uma boa notícia para preservar os equipamentos turísticos da cidade, que terá a Igreja do Bonfim também recuperada em 2017.

“Estimamos que, em 120 dias, iniciaremos os reparos nas bicas. As obras vão ocorrer ao mesmo tempo. O projeto prevê seis meses para conclusão dos serviços”, explica o secretário municipal de Patrimônio e Cultura, Gilberto Tenório. O investimento, de R$ 189 mil, é do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) de Cidades Históricas. Inicialmente, o PAC havia aprovado projeto de até R$ 500 mil.

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Apesar da sujeira, população ainda usa a Bica dos Quatro Cantos - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Na Bica dos Quatro Cantos, lodo toma conta do local - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Muito lixo no entorno da Bica dos Quatro Cantos - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Pichação, cheiro de urina e lixo afastam turistas da Bica dos Quatro Cantos - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Bica do Rosário fica no bairro do Monte, perto da sede do Homem da Meia Noite - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Bica do Rosário é a única que tem duas saídas de água - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Há uma galeria na Bica do Rosário - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Bica do Rosário é a única que tem duas saídas de água - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Com a recuperação das bicas, água será tratada com cloro - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Moradores do Monte afirmam que cuidam da Bica do Rosário pois não há manutenção da prefeitura - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Bica de São Pedro, no Varadouro, não está funcionando - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

 

Segundo Gilberto, haverá restauração das pedras (cantarias), revestimento do piso, pintura, recuperação das placas informativas e da parte hidráulica e colocação dos dosadores de cloro. “A água vem bruta do lençol freático, sem tratamento. Além de resgatar o valor histórico e turístico, o objetivo é que a população volte a usar as bicas. Por isso, o cloro para desinfetar”, destaca o secretário.

SUJEIRA

As intervenções chegam em boa hora. Na Bica dos Quatro Cantos, datada de 1602 e localizada na via de mesmo nome, perpendicular à Rua do Amparo, o cenário é degradante. Há lixo, pichações e o cheiro de urina é insuportável. O pouco de água que sai da bica fica empoçada. “Qual é o turista que vai gostar de ver isso aqui? É uma imundície só”, critica o pedreiro Josias Gomes, 49 anos, morador do bairro da Vila Popular. Pelo menos uma vez por semana ele visita o local para tomar banho após retornar da praia.

A Bica do Rosário, no bairro do Monte, fica perto da sede do tradicional Clube do Homem da Meia Noite. Não está pichada, mas carece de manutenção. É a única das três bicas com duas saídas de água. Também há lixo no entorno. Segundo a estudante Natália Botelho, 22, moradora do bairro, quem cuida da fonte é a população local.

A Bica de São Pedro está situada na esquina da Ruas da Boa Hora e Henrique Dias, no Varadouro. Atualmente não tem água. Há pichação no chão. Diferentemente das outras, não acumula detritos.

“Tem que recuperar, mas é preciso também um plano de conservação preventiva diário, semanal, mensal. Não adianta ajeitar e depois dar as costas”, observa a arquiteta Vânia Avelar, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O projeto de recuperação das bicas foi feito a partir de um estudo realizado por ela e que virou livro. “O custo da obra é pequeno para um ganho tão grande, que é o resgate de três bens patrimoniais de Olinda”.

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