VIOLÊNCIA

Ousadia marca assalto em Tamandaré

Bandidos usaram lanchas para fugir

Da editoria de Cidades
Cadastrado por
Da editoria de Cidades
Publicado em 04/05/2017 às 7:42
Diego Nigro/JC Imagem
Bandidos usaram lanchas para fugir - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
Leitura:

Por mais surrado que seja o jargão, não dá para negar que o assalto às agências do Banco do Brasil e Bradesco no município de Tamandaré, Litoral Sul do Estado, na madrugada de ontem, teve elementos cinematográficos. Os cerca de 20 bandidos que explodiram as duas unidades bancárias resolveram inovar na forma de conter a reação dos militares do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (Bepi) e, principalmente, na hora da fuga. Para evitar confronto com a tropa especializada (antiga Ciosac), metralharam a casa onde sete policiais dormiam, e plantaram duas bombas falsas em frente ao imóvel. E na retirada, utilizaram nada menos que duas lanchas para fugir pelo Rio Araquindá em direção ao Recife. Até o início da noite de ontem, não havia pista dos criminosos ou das embarcações utilizadas na ação.

ACESSO


Antes de investir contra as agências, por volta das 3h30 de ontem, a quadrilha cortou três árvores na PE-76, dentro da Reserva Ecológica do Saltinho. O local é o ponto de interseção com a PE-60, principal ligação entre o Grande Recife e o Litoral Sul. Também foram espalhados grampos pela pista, para dificultar a chegada de reforço policial.


Antes de colocar os explosivos nas unidades bancárias, os bandidos metralharam a casa que serve de apoio para os militares do Bepi. “Eles gritavam que se os policiais saíssem, iriam morrer. Diziam que só queriam o dinheiro e iriam embora”, disse o dono de um estabelecimento comercial próximo ao local do crime. O bando cuidou de dar tons reais às bombas falsas, com luzes de caneta laser e fios presos às grades da casa. No final da manhã de ontem, especialistas antibomba da Companhia Indepentente de Operações Especiais (Cioe) verificaram que dentro dos dispositivos havia apenas tilojos e areia. A investida aconteceu pouco tempo depois da ronda que a equipe do Bepi faz diariamente pela região.


“Eu tenho 88 anos, quase 60 deles morando em Tamandaré. Nunca vi nada parecido, era tiro para todo lado. Eu só conseguia rezar na cama”, conta a aposentada Helena Josefa, que mora em frente à sede provisória do Bepi. O gari Givanildo Felipe dos Santos lamentava a destruição das agências do Banco do Brasil e do Bradesco. “Era onde todo mundo aqui resolvia as coisas”.


Após atirar por cerca de 30 minutos, levando pânico aos moradores, os criminosos fugiram em dois veículos: um Toyota Corolla e um Hilux SW4. Seguiram pela PE-76 em direção à Praia dos Carneiros e deixaram os veículos dentro do Rio Araquindá, fugindo em duas lanchas. Durante todo o dia de ontem, as informações eram desencontradas. Algumas davam conta de que o grupo teria deixado as embarcações nas Praias de Toquinho e A-ver-o-mar, mas nenhuma foi confirmada.


O upgrade na ousadia é óbvio. Para ter fugido em duas embarcações de médio porte, a quadrilha deve contar com pessoas especializadas em navegação e que conhecem a região. “Desde o assalto à (transportadora) Brinks (em fevereiro), conseguimos reduzir em 55% as investidas em instituições financeiras. Mas são organizações interestaduais que se reorganizam. Vamos dar a resposta à população no que diz respeito a esse caso”, afirmou o chefe de Polícia Civil, Joselito Kehrle do Amaral.


O delegado Vinícius Notari, que está à frente da investigação, confirmou que foram utilizadas duas lanchas na fuga, mas disse não saber da localização delas. Até o final da tarde de ontem, o investigador e sua equipe estavam em diligências pelo local, mas ainda sem pistas da quadrilha. Banco do Brasil e Bradesco não confirmaram o valor que teria sido levado durante a investida.

Últimas notícias