Sairá nesta quarta- feira (17) o laudo toxicológico que vai determinar se houve envenenamento de nove pessoas de uma mesma família, no bairro de Jardim Primavera, em Camaragibe, Grande Recife, no último final de semana. Embora não confirmem oficialmente, policiais e peritos dão conta de que o pesticida conhecido como chumbinho – que pode ser letal também para humanos –foi misturado ao tempero da comida que foi servida na casa da família, na noite de sábado e no almoço do domingo.
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Confirmada a tese do envenenamento, as suspeitas recaem sobre o ex-namorado de Débora Regina Soares Belo, de 22 anos, a única vítima em estado grave. O homem tem 26 anos e, desde 2013, responde a um processo por latrocínio na Comarca de Camaragibe. Ele estaria inconformado com o término do relacionamento, ocorrido na semana passada, e teria executado o envenenamento da jovem.
TRANQUILOS
Na rua onde mora a família, na localidade humilde conhecida como Vale das Pedreiras, pouca gente se dispõe a falar sobre o caso, principalmente quando entra em cena o nome do ex-namorado de Débora. “A gente não sabe de nada de namoro dela, não”, desconversa uma dona de casa do local, para depois afirmar que “o pessoal (da família) é muito tranquilo, todos os anos de reúnem para o Dia das Mães”.
No último dia 16 de abril, em uma rede social, Débora Regina escreveu que “essa droga de amor machuca demais, mas o mundo gira e eu vou dar a volta por cima. Deus vai colocar a pessoa certa na minha vida”.
A jovem passou mal na noite do sábado, e foi levada ao Hospital da Restauração. No dia seguinte, após o almoço do Dia das Mães, as outras oito pessoas começaram a apresentar sintomas como tontura e vômitos. “Antes, pela manhã, a irmã do ex-namorado de Regina (como a família se refere a Débora) esteve na casa dela e jogou fora comidas como açúcar e café. Provavelmente sabia que ele tinha colocado alguma coisa”, diz uma prima da jovem, sem se identificar.
A casa ficou fechada durante toda a manhã desta segunda (15), desde que os peritos do Insituto de Criminalística terminaram a coleta de material, na noite do domingo. Serão analisados vestígios de vômito de um dos gatos da casa, que morreu, do irmão de Débora, Talisson, além do lençol da avó dos jovens, Nilva Maria, e a comida servida nos dois dias: arroz, feijão e galinha guisada.
Até o início da noite desta segunda (15), Débora ainda continuava em estado grave, respirando com a ajuda de aparelhos, no Hospital da Restauração, no bairro do Derby, área central do Recife. Os avós, Nilva e Augusto, e a tia, Valquilene, estavam em situação estável, na mesma unidade hospitalar.
O pai da jovem, Regivaldo Francisco, e o irmão mais novo, Talisson Gomes, continuavam internados na UTI do Hospital Nossa Senhora do Ó, em Paulista, no Grande Recife. Outras três pessoas que apresentaram os sintomas – uma tia e dois primos de Débora Regina – foram liberadas na manhã de ontem, depois de passarem o domingo em observação na UPA dos Torrões.
O caso será investigado pela delegada seccional de Camaragibe, Euricélia Nogueira. Se confirmado o envolvimento do ex-namorado da jovem, ele poderá ser indiciado por tentativa de homicídio.