Em Rio Formoso, na Zona da Mata Sul do Estado, a chuva acima de 300 milímetros registrada em 24 horas (até as 22h de domingo, 28/05), a maior no Estado, provocou deslizamento de barreira e inundou casas ribeirinhas nas Ruas da Lama, da Pista, do Matadouro, Evangelista e Santa Luzia. Moradores tiveram de abandonar os imóveis pouco antes das 2h da madrugada, com a ajuda de canoas ou agarrados a uma corda amarrada em postes, para não serem arrastados pela correnteza.
“Acordei 1h da madrugada com a casa cheia d’água, não tive tempo de salvar nada”, afirma Maria Auxiliadora da Silva. Ela mora na Rua da Lama, perto do Rio Formoso, há seis anos. “Toda vez que chove, a rua alaga, mas nunca tinha visto uma situação igual a essa. Perdemos móveis, roupas, calçados e a feira. Precisamos de donativos. Toda ajuda é bem-vinda”, apela.
A pescadora Lucilene Maria da Silva, residente na mesma rua, saiu de casa de bote, debaixo de chuva, com os sete filhos, e emprestou a canoa para fazer o resgate dos vizinhos que também foram surpreendidos com a casa alagada. “Ficamos na beira da pista, a madrugada toda, um ajudando o outro”, diz Lucilene. “Ninguém pode sair de perto das casas porque se a água baixar o povo vai saquear e levar tudo o que pode ser aproveitado”, acrescenta Maria Auxiliadora da Silva.
Leia Também
Moradora da Rua Evangelista, Marli José Ferreira disse que o rio encheu por volta das 10h de sábado e entrou nas casas, sem causar destruição. “A água baixou, a gente limpou, secou e ficou tudo bem. Por volta de uma hora da madrugada, alagou tudo e foi muito rápido. Quando saí, a água batia no meio da minha perna. Só consegui suspender poucos móveis”, declara Marli Ferreira.
“Um cheia dessa a gente não viu em Rio Formoso nem em 2010, isso é novidade aqui”, afirma o aposentado Cícero Alves da Silva, residente a Rua Santa Luzia, no bairro Serra d’Água. Ele estava dormindo e acordou com a irmã avisando que a rua estava alagada. “Quando abri o olho a casa já estava cheia de água. Salvei apenas os documentos e estou alojado no primeiro andar que a minha filha está fazendo, não está pronto ainda, mas serve. O importante é a vida e a família, o resto a gente constrói novamente”, diz ele.
ENERGIA
O aposentado está dividindo o primeiro andar inacabado com a esposa, a irmã Deusiana Maria da Silva, que também teve a casa inundada, e um casal de sobrinhos. De acordo com moradores, choveu a semana toda em Rio Formoso. Por causa da inundação de domingo (28/05), parte da cidade ficou sem energia elétrica. O fornecimento teve de ser interrompido por segurança.
Reginalda Peres de Melo, da Rua do Matadouro, deixou o imóvel com água acima da cintura. “E olhe que minha casa fica num lugar mais alto. Desde 2010 não via uma coisa dessa. Fechei a porta e saí, com meu marido, filhos, netos e sobrinhos. O resto ficou para trás”, diz. Por volta do meio-dia de domingo (28/05), ela pretendia pedir ajuda ao Corpo de Bombeiros para recuperar remédios controlados que ficaram na casa, onde moram dez pessoas, sendo sete crianças.
Ainda em Rio Formoso, uma barreira próxima a um posto de combustíveis da Shell desabou sem fazer vítimas. Mas destruiu as lojas instaladas no terreno. O posto fica na PE-60, rodovia estadual que corta o município, distante 88 quilômetros da cidade do Recife.
