CHUVAS

Difícil recomeço no Litoral Sul após as chuvas

Municípios atingidos ainda tentam limpar os estragos

Da editoria de Cidades
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Publicado em 30/05/2017 às 18:22
Diego Nigro/JC Imagem
Municípios atingidos ainda tentam limpar os estragos - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
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Alvos fáceis das inundações decorrentes das chuvas, municípios do Litoral Sul do Estado ainda tentavam, ontem, três dias após o fim do temporal do final de semana, juntar os cacos da tragédia. Em Barreiros, a 100 quilômetros do Recife, a população lutava para limpar o mar de lama em que tomou a maior parte da cidade. O município é cortado por dois rios – Una e Carimã – e foi um dos mais atingidos pelas chuvas.

COMÉRCIO

Nas Ruas Manoel Durval e Aires Belo, onde fica o centro comercial do município, as lojas só abriram para que o barro fosse retirado de dentro dos imóveis. Muitos comerciantes tentavam salvar o que restou dos estoques. Comida, roupas, perfumes, computadores, muita coisa se perdeu em meio à lama. “Ainda não conseguimos contabilizar, mas eu estimo que o prejuízo do comércio chegue a R$ 3 milhões”, lamentou Cícero Siqueira, presidente da associação dos comerciantes de Barreiros.

Em meio à desesperança, também teve muita solidariedade. Na Rua Santo Antônio, onde a água praticamente cobriu as casas, moradores ajudavam uns aos outros na tarefa de recuperar o – muito pouco – que ficou. O técnico em informática Leno da Silva perdeu todas as ferramentas e equipamentos que usava para ganhar a vida realizando reparos em computadores e notebooks. Preferiu, na noite de sábado, ajudar vizinhos que estavam com problemas para retirar crianças do local. “A vida é feita de escolhas, e eu não me arrependo”, disse. Em retribuição, recebeu a ajuda de vários braços de amigos para limpar sua casa.

Muitos moradores reclamaram da insegurança nos dias que sucederam o temporal. “Houve muitos saques, a gente ficou com medo de sair de perto de nossas casas e perder o restinho que ficou”, comentou a dona de casa Ângela Maria.

O secretário de administração de Barreiros, Sérgio Lima, explicou que a tragédia poderia ter sido maior se a prefeitura não tivesse monitorado as chuvas junto à Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac). “Assim que eles avisaram da possibilidade de chuvas fortes no final de semana, pedimos para que o padre soasse o sino da igreja, avisando as pessoas para que saíssem das casas”, disse, lembrando que em 2010 – quando houve a última grande enchente na cidade – a população “foi pega de surpresa”.

Até o início da tarde de ontem, 319 pessoas estavam desabrigadas e 17 mil desalojadas em Barreiros. “Estamos com todo um esquema emergencial que envolve atendimento médico e de assistência social para, nesse primeiro momento, garantir o básico para a população”.

No município de Rio Formoso, os estragos provocados pelas águas também foram grandes. A Unidade de Saúde da Família Santa Edwiges – única da cidade – ficou inutilizada, privando a população de atendimento médico.

O deslizamento de uma barreira danificou a estrutura de um posto de combustível às margens da PE-60, na entrada da cidade. Os desabrigados se concentram em duas escolas do município. Um dos trechos mais castigados foi a localidade conhecida como Rua da Lama, uma comunidade construída precariamente à beira do mangue. O pouco que os moradores tinham foi jogado para dentro do manguezal, como geladeiras, colchões e móveis. A população reclama de que a ajuda não tem chegado. “A gente sabe que existem campanhas para arrecadar e distribuir donativos e roupas, mas não recebemos nada ainda”, lamenta o pastor evangélico Moacir Correia.

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