Na Zona da Mata Sul de Pernambuco, a tristeza tem cheiro. É a mistura de lama, vegetação ribeirinha, animais mortos, comida, lixo e escombros. Um odor que a população dos municípios de Belém de Maria, Catende, Ribeirão e Palmares tinha sentido em junho de 2010, quando um temporal arrasou parte da região, e em menor proporção em maio de 2011.
Na manhã de segunda-feira, os moradores das quatro cidades acordaram de mais um pesadelo em forma de água. As fortes chuvas do último fim de semana fizeram com que o governo decretasse estado de calamidade em 15 municípios, dado o volume dos estragos. E a Mata Sul, outra vez, foi a mais atingida, principalmente os municípios que ficam nos cursos dos Rios Una e Amaraji.
Talvez nenhuma cidade personifique tanto a destruição causada pelo temporal como a pequena Belém de Maria, de 12 mil habitantes. Cortado ao meio pelo Rio Una, o município foi praticamente varrido pela força das águas. Casas, pontes, postes, um pedaço da PE-120 (principal via de acesso), muita coisa veio abaixo.
Nas ruas, o cenário remetia a um filme de guerra: gente atônita, andando sem direção, pilhas de entulhos e um mar de lama democraticamente distribuído pela cidade. O estado de espírito da população foi definido pela funcionária pública Sandra Pereira, moradora do Centro de Belém de Maria: “A gente não sabe nem por onde começar”, disse, contemplando, na calçada os móveis sujos de barro que conseguiu tirar de casa enquanto o nível das águas subia. “Entre eu perceber a água na calçada e ela chegar a mais de um metro dentro da minha casa, foi coisa de uma hora.”
Chegar e sair de Belém de Maria não foi problema durante a segunda-feira, pois a PE-120 registrou apenas pequenos deslizamentos de barreiras. Mas a população está ilhada de outras formas. Até o início da tarde, a cidade estava sem energia e água potável. Para “tirar o grosso” da lama em roupas, móveis e outros utensílios, moradores apelaram para a água barrenta de um canal que passa pelo Centro.
Não há atendimento médico no município. A Unidade Mista Nossa Senhora de Lurdes, único centro hospitalar que realiza procedimentos de baixa e média complexidade, ficou inutilizada após o temporal. As águas atingiram um metro e meio dentro do hospital, destruindo equipamentos, medicamentos, leitos e prontuários. “Eu passei o dia de ontem chorando. Hoje (ontem), a gente está respirando fundo para ver por onde vai começar essa reconstrução”, lamenta a diretora da unidade, Mariluce de Melo, conhecida na cidade como Lucinha.
PROMESSAS
Em visita à cidade, na manhã de ontem, o governador Paulo Câmara afirmou que o hospital terá de ser reconstruído em outro local. “Nossa luta imediata é para restabelecer o básico para a população desses municípios, como o fornecimento de energia e de água. Paralelamente, estamos tocando as obras de barragens que vão ajudar a evitar tragédias como essa”, disse. O governador ainda visitou Palmares e Barreiros, municípios bastante prejudicados pelas enchentes.
Em Catende, também na Mata Sul, as chuvas deixaram pouco mais de três mil pessoas desabrigadas e desalojadas. O bairro do Matadouro, às margens do Rio Una, foi um dos mais atingidos. Na Rua Manoel Cassimiro, a água subiu de tal forma que a vegetação ribeirinha ficou grudada às antenas parabólicas instaladas em cima das casas. Sem ter para onde ir, algumas famílias levaram os poucos pertences salvos a lugares como a marquise de um motel, para se protegerem de uma eventual nova chuva.
“Não deu tempo de fazer muita coisa. Quando a gente percebeu, o rio já estava vindo com muita força. Não dava para tirar quase nada de casa. Eu mesma fiquei com a roupa do corpo”, lamentava a dona de casa Tatiana Pereira.
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