A união faz a força. Esse ditado popular é a melhor tradução para o que aconteceu no bairro de Cajueiro, na Zona Norte do Recife. Moradores se juntaram e cobraram da prefeitura a construção de uma praça entre as Ruas Manoel Brandão, Urca e Pará, desejo antigo da comunidade. O espaço era frequentado por usuários de drogas e local de descarte de lixo. Agora, completamente modificado, virou ponto de encontro de crianças, adultos e idosos, que aproveitam para brincar, caminhar, conversar e jogar dominó. E foi adotado pela vizinhança, que está bancando a manutenção do logradouro.
Mensalmente, 23 famílias e três auto-escolas do bairro contribuem com uma taxa para pagamento do salário de um jardineiro (R$ 20 para os moradores e R$ 50 para as auto-escolas). “Fizemos uma reunião e resolvemos adotar a praça antes mesmo dela ser feita pela prefeitura. A obra começou em março deste ano, mas desde setembro há uma pessoa cuidando do jardim. Compramos carro de mão, enxada, pá, sacos de lixo”, explicou a pedagoga Zenaide Braga, 65 anos, há três décadas residindo na Rua Manoel Brandão.
A praça foi batizada com o nome de Capiba, músico e compositor pernambucano famoso por muitos frevos que escreveu. A escolha aconteceu democraticamente. “Foi feita uma votação. Cada morador colocou a sua sugestão. Fiz campanha para que fosse o nome de Capiba porque adoro Carnaval e acho que ele merecia uma homenagem como essa”, contou Zenaide, chamada pelos vizinhos, em tom de brincadeira, de “presidente da praça” devido à sua dedicação ao espaço público.
“São 30 anos esperando por essa praça. Estamos muito felizes. Antes tínhamos medo porque era escuro, havia assaltos e pessoas usando drogas. Agora mudou completamente, os vizinhos se conhecem, jogam dominó, as crianças andam de bicicleta”, comemora Zilma Barbosa, 68, também uma das mais entusiasmadas com o novo equipamento do bairro.
FESTA
A praça foi inaugurada ontem à noite, com uma animada festa junina. Estava decorada com bandeirinhas e balões coloridos. O prefeito do Recife, Geraldo Julio, e a viúva de Capiba, Zezita Barbosa, participaram. O município investiu R$ 134,6 mil. “Fico feliz que homenageiem Capiba. Eu não o esqueço. E mais gente lembrando dele é ótimo”, comentou Zezita. Lourenço da Fonseca Barbosa faleceu em dezembro de 1997, aos 93 anos. Na capital há uma rua, no Barro, e uma escola municipal, no Torreão, que levam o nome do compositor.