A morte de Adriana Vicente da Silva, com suspeita de raiva humana, foi uma tragédia que poderia ter sido evitada, na avaliação de grupos de proteção de animais que atuam no Recife. As entidades acusam a prefeitura de não enfrentar o problema da superpopulação de cães e gatos de rua na cidade. Com a confirmação do óbito, integrantes temem que aumente o número de casos de envenenamento e de maus-tratos de animais de rua, em decorrência do medo da população do surgimento de novos casos.
Leia Também
- Ministério da Saúde autoriza medicamento para garoto com raiva humana
- Americano responsável pela primeiro caso de cura de raiva humana dá entrevista ao JC
- Depois de 21 anos, Mato Grosso do Sul registra caso de raiva humana
- Com suspeita de raiva humana, paciente do Huoc tem alto risco de morte
- Moradora do Recife com suspeita de raiva humana morre no hospital
Integrante do grupo SOS Amigo dos Animais, a advogada Laura Atanásio, diz que não existe nenhuma ação da Prefeitura do Recife voltada para uma castração em massa de cães e gatos que vivem nas ruas. Segundo ela, quem faz hoje esse trabalho são as ONGs, além de iniciativas individuais de pessoas que defendem os animais.
“Há uma inversão de papéis. Quem está correndo atrás para castrar os animais abandonados somos nós, com todas as dificuldades que enfrentamos. Já cobramos diversas vezes uma ação da prefeitura para o controle populacional dos cães e gatos de rua e só recebemos promessas. A única forma de enfrentar este problema é com a castração”, defende Laura.
CASTRAÇÃO PEDIÁTRICA
Ela explicou que a castração pediátrica, que ocorre antes de o animal completar seis meses, já é adotada em outros países, com resultados eficazes. “A prefeitura alega que não faz porque há veterinários que se recusam a castrar o animal nessa idade. Mas não vamos enfrentar essa questão se não aprofundarmos essa discussão. Até os seis meses, cães e gatos já podem ter, no mínimo, uma gravidez.”
A Gerência da Unidade de Vigilância de Zoonoses da prefeitura afirmou que o órgão realiza castração seletiva nos casos de acumuladores de animais ou nos locais onde existe transmissão de doenças (para quebrar o ciclo de transmissão). Nos seis primeiros meses deste ano, foram castrados 369 animais, segundo informou a prefeitura.