No ano do bicentenário da Revolução Pernambucana de 1817 o Recife faz um resgate dessa história para moradores e visitantes da cidade em placas de azulejo instaladas nas ruas e lugares que testemunharam o primeiro movimento de independência do Brasil. O roteiro é uma iniciativa do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, em parceria com a prefeitura e a Grande Loja Maçônica de Pernambuco, e está pronto para ser explorado.
O ideal, orienta o arquiteto José Luiz Mota Menezes, sócio do Instituto Arqueológico, é a pessoa acompanhar as placas pela numeração, como se faz numa via-sacra, para ir entrando na história. Nesse caso, o ponto de partida é o Edifício Seguradora, na esquina da Avenida Dantas Barreto com a Rua Marquês do Recife, no bairro de Santo Antônio. Foi ali, em 6 de março de 1817, que começou a Revolução Pernambucana.
No século 19, o prédio ali existente abrigava o Quartel do Regimento de Artilharia, local onde o capitão José de Barros Lima, o Leão Coroado, reagiu à ordem de prisão, matou o comandante e deu início à insurreição. O movimento durou 74 dias. O instituto e a prefeitura confeccionaram dez placas de azulejos pelo projeto A História nas Paredes, sendo oito afixadas no Centro do Recife, uma em Olinda e uma em Salvador.
“Marcamos os lugares de memória da Revolução Pernambucana, os locais mais importantes do movimento”, afirma o historiador George Cabral, presidente do Instituto Arqueológico. Um deles é o atual prédio do Palácio do Governo, na Praça da República, em Santo Antônio. A placa assinala o edifício do antigo Erário Régio, onde os revolucionários montaram o Governo Provisório.
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O roteiro da Revolução Pernambucana nas ruas e o fôlder com o caminho das placas foi apresentado segunda-feira (03/07), no Museu da Cidade do Recife (Forte das Cinco Ponta) no bairro de São José, que também faz parte dessa história. Em 1817, 150 revolucionários ficaram presos na Fortaleza de São Tiago das Cinco Pontas. O corredor de acesso ao museu ganhou uma placa com o nome de todos os detidos e outra de azulejo com o relato do episódio.
“Essa homenagem agrega valor ao edifício”, observa a diretora do Museu da Cidade, Betânia Corrêa de Araújo. Exposição sobre a revolução está em cartaz no museu até 2018.
As placas trazem informações sobre os lugares, relacionadas aos acontecimentos de 1817. “Criamos um circuito permanente para moradores e visitantes da cidade conhecerem a história da Revolução Pernambucana”, informa a secretária de Turismo, Esportes e Lazer do Recife, Ana Paula Vilaça.
RUAS
José Luiz Menezes avisa que há uma lógica no roteiro, pensado nos moldes dos cortejos da Idade Média, quando as cidades faziam a via-sacra e o povo acompanhava pelas ruas, com um padre lembrando a cada parada os últimos passos de Jesus Cristo. A História nas Paredes é um projeto do sócio do Instituto Arqueológico Sílvio Amorim e vem sendo executado desde meados de 2015.
Inicialmente, o instituto colocou placas de azulejo em ruas para identificar pessoas e acontecimentos que dão nome aos logradouros. A prefeitura encampou a ideia e de acordo com o prefeito Geraldo Julio há 70 painéis nos muros e fachadas da cidade. “Nossa meta é colocar 200 placas. Toda a pesquisa histórica é feita pelo instituto”, disse Geraldo Julio, na solenidade no museu.