Cansados de reclamar das más condições dos 60 quiosques da orla de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, proprietários desses espaços resolveram apresentar uma proposta de mudança ao município. Além de melhorar a estrutura das barracas – substituindo materiais corrosivos, aumentando a segurança e otimizando o espaço interno – projeto colocado em discussão prevê a criação de um píer junto a cada quiosque, para instalação de mesas e cadeiras.
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A proposta foi levada a políticos, gestores municipais e barraqueiros pela Associação de Barraqueiros de Boa Viagem (ABCR), anteontem. “Retiramos o pilar central e passamos o peso para quatro pilares nas pontas que sustentariam uma laje, sendo o teto mais alto que o atual. Isso aumentaria em 35% o espaço interno”, explica o estudante Andrews Dantas, 21 anos, da empresa Santal, responsável pelo desenho.
O projeto prevê placa de energia solar, para redução dos custos com energia; fechamento das aberturas com aço galvanizado para dificultar os comuns arrombamentos; cobogós de vidro para facilitar iluminação;cobertura em madeira; espaço para guardar produtos na laje e para guardar mesas e cadeiras dentro do píer. Como não foi feito projeto executivo, não há estimativa de custo.
As mudanças procuram corrigir problemas identificados pelos barraqueiros e que são tema de constantes reclamações desde pouco depois da inauguração dos quiosques, em 2009. “As lonas rasgam e até voam. O ferro onde elas são presas vivem enferrujando. Não há proteção contra a chuva, é fácil de arrombar e falta mobilidade interna porque engrossaram muito o pilar do centro. Não queremos extrapolar. Apenas melhorar o que já tem”, afirma o fundador e ex-presidente da ABCR,Tomé Ferreira de Lima, conhecido como Zezinho do Coco, desde 1968 na orla.
PROBLEMAS
Os problemas são facilmente verificados, como na barraca de número 43, que está sem lona. “Ela rasgou e voou com os ventos fortes na última quarta-feira. Já aconteceu antes. Está molhando tudo dentro”, informa o proprietário, Frederico Neto, 53. Ele não chegou a ver o projeto, mas defende a necessidade de melhorias. “Não tem incentivo para o turista conhecer a orla e os moradores não vêm por falta de segurança e de lugar para ficar. Vão sentar onde? Falta iluminação, banheiro, mesas, algo a mais. Já tive seis funcionários, hoje só estou com dois.”
“Sinto falta de mesas na orla, mas também de mais policiamento”, diz o estudante Tiago Cordeiro.
A assessoria da Polícia Militar diz que “está atenta às demandas do bairro”, onde o 19º Batalhão atua com patrulhas do bairro, guarnições táticas e motopatrulheiros, além de haver policiamento com Segway (diciclo) e apoio do Grupo de Apoio Tático Itinerante (Gati) e de unidades especializadas.
CEDO PARA POSIÇÃO
O secretário-executivo de Turismo, Esportes e Lazer do Recife, Eurico Freire, representou a prefeitura no evento de apresentação da proposta, mas sua assessoria informa que é cedo para um posicionamento. As discussões devem ter continuidade na próxima semana, com a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife (Semoc). As duas pastas lembram que a orla vem passando por sucessivos projetos de requalificação, por meio de parcerias com empresas privadas.
Entre as ações, o município cita, entre 2015 e 2016, a requalificação da ciclovia, dos três campos de futebol, das cinco quadras poliesportivas, da quadra de basquete e das quatro quadras de tênis. No Segundo Jardim foi implantada pista de cooper, área de atividades físicas para idosos e uma Academia Recife, equipamentos que passam por manutenção.
Este ano, novos equipamentos estão sendo distribuídos entre os 476 comerciantes cadastrados na praia, começando com 73 deles. Ao todo, 15,9 mil kits serão doados, contendo mesas, cadeiras, guarda-sóis, vestimentas e amplo material de apoio. Nenhuma melhoria para os quiosques foi divulgada.