Um policial militar é o suspeito de mandar matar a personal trainer Gabriela Conceição Santiago, de 24 anos, em fevereiro deste ano, no Janga, município de Paulista. De acordo com a delegada da 7ª Delegacia de Homicídios Thais Galba, responsável pelas investigações, a motivação do crime foi passional. Ela mantinha um relacionamento amoroso com uma de suas alunas, que era esposa do policial militar Mauro Cabral de Sá Leitão, do 19º Batalhão, de 39 anos. Ele é suspeito de ser o mandante do homicídio de Gabriela.
"Foi uma ação muito bem planejada, não foi um crime de ímpeto, feito no calor do momento", pontuou a delegada. De acordo com ela, Gabriela e a aluna se envolveram no fim do ano passado e tiveram cerca de três meses de relacionamento. Ainda chegaram a se separar, porque a esposa do PM disse que iria voltar para o casamento, mas voltaram logo depois. A identidade da mulher não foi revelada, sabe-se apenas que ela é uma médica.
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Segundo Galba, Mauro era ex usuário de drogas e frequentava um grupo de narcóticos anônimos. Foi em uma dessas reuniões que ele conheceu Paulo Fernando Crespo de Araújo Neto, 27, suspeito de cometer o homicídio. "Numa dessas reuniões, uma pessoa teria dito que estava sendo ameaçado porque estava um caso com uma mulher casada. Paulo Fernando depois procurou essa testemunha dizendo que estava disposto a ajudá-la. Ciente disso, porque foi dito abertamente, Mauro cooptou Paulo para fazer a execução do crime de Gabriela", detalhou a delegada.
Thais Galba disse ainda que Mauro não se pronunciou durante o interrogatório. Já Paulo Fernando, há três semanas, disse que não conhecia Mauro. "Ontem, quando eles se viram, ficou latente o clima de tensão que ficou entre os dois. Ao nosso ver, Mauro achava que jamais chegaríamos a ele, porque foi uma pessoa escolhida dentro do grupo de narcóticos anônimos", pontuou.
Outro homem, que a polícia afirma que ainda não pode dizer que ele está envolvido no crime, é o vigilante Ricardo Caetano Gomes, 40 anos. De acordo com a delegada, o segurança teria entrado na academia onde Gabriela trabalhava e dito que Mauro estava do lado de fora com dois homens em uma moto. Ao saber da situação, Gabriela se sentiu ameaçada e ligou para a médica com quem tinha o relacionamento e teria perguntado se Mauro iria fazer alguma coisa contra ela, o que foi negado pela esposa do policial. "Ricardo mentiu várias vezes. Ele diz uma versão e depois dá outra versão. Ele sabia que tinha sido Mauro, mas não ia nos dizer", afirmou a delegada.
Sobre a esposa do policial, a delegada afirmou que não há nenhum indício que a coloque como suspeita do crime.
Feminicídio
Thais Galba disse ainda que, durante as conversas entre Gabriela e a médica, a bailarina questionava o comportamento do policial militar, que sabia do envolvimento das duas, porque a esposa teria dito ao marido que estava apaixonada pela personal trainer e que iria deixá-lo, mas ele não esboçou reação. "Gabriela e o policial se encontraram em algumas ocasiões, em festas de família, e ele a teria tratado bem", disse a delegada.
A delegada Thais Galba não enquadrou o homicídio em feminicídio, porque, de acordo com ela, Gabriela não foi morta por ser mulher. "Normalmente o feminicídio sempre vem acompanhado de violência doméstica, de estupro. Não foi o caso. Gabriela morreu por ser a pessoa, independente do sexo, que estava se envolvendo com a esposa de Mauro. Ele iria deixar de ter o casamento de anos, o status social. Se fosse um homem, muito provavelmente teria morrido da mesma forma", explicou
Mauro Cabral e Paulo Fernando são investigados por homicídio qualificado (não deu chance de defesa à vítima). Já o vigilante, está sendo indicado por falso testemunho e obstrução da investigação. Mauro foi levado, nessa terça (25) para o Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed). Os outros dois estão presos no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel). Eles foram detidos preventivamente por 30 dias.