INSEGURANÇA

Sete meses mais violentos desde o início do Pacto pela Vida

Total de homicídios chega a 3.323 com os 447 de julho

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Publicado em 16/08/2017 às 8:14
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Total de homicídios chega a 3.323 com os 447 de julho - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
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O período de janeiro a julho de 2017 representa a pior sequência dos sete primeiros meses do ano desde a criação do Pacto pela Vida (PPV), em 2007. Com os 447 homicídios registrados no mês passado, a soma chega a 3.323 mortes violentas intencionais, quando o total no mesmo período, dez anos atrás, foi 2.771. Àquela época, o Estado vivia um cenário desolador na área de segurança, que motivou o então recém-empossado governador Eduardo Campos a elaborar uma nova política pública para o segmento.


Dez anos depois, como mostram os números, a situação é pior. A taxa de assassinatos por grupo de 100 mil habitantes nos sete primeiros meses deste ano é de 35,4. No mesmo período de 2007, quando o Pacto pela Vida ainda tomava forma – foi anunciado em maio – era de 32,6.

Os 3.323 homicídios notificados entre janeiro e julho deste ano já representam mais do que se matou nos 12 meses de 2012: 3.321 pessoas. Para não bater pela primeira vez a vergonhosa marca de 5 mil homicídios – o recorde negativo do Pacto é justamente o primeiro ano (2007), com 4.591 mortes – vai ser preciso, pelos próximos cinco meses, um desempenho ainda não visto por parte das forças de segurança do Estado neste ano. Faltariam 1.677 assassinatos para completar 5 mil. Sendo assim, cada mês (começando por agosto) teria de apresentar uma média menor que 335,2 homicídios, o que ainda não aconteceu em 2017 (o mês menos ruim foi junho, com 380 mortes). O número mais próximo foi registrado em junho do ano passado: 333 mortes.

Vale lembrar que este ano houve mês de maior matança na história do PPV, com os 551 homicídios em março. Depois de uma curva descendente nos três meses seguintes (514 em abril, 457 em maio e 380 em junho), julho voltou a mostrar crescimento no número de mortes violentas.

Quatro delas, por exemplo, ocorreram logo no início do mês, quando um assalto ao Grupo Espírita Amor ao Próximo (Geap), em Piedade, bairro de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife.
Bandidos invadiram o local – onde estavam cerca de 200 pessoas – para roubar dinheiro, celulares e outros objetos. Após tentar reagir, o policial militar Alexandro Alves de Melo, 49 anos, foi baleado e morreu. O tiroteio também vitimou a professora Luiziana de Barros Correia Nunes, 57. Um outro PM (capitão do Batalhão de Operações Especiais da corporação) reagiu e matou dois dos criminosos: Felipe Lima Ferreira da Silva, 18, e Kleiton Florentino de Lima, 22.

REGRESSÃO

Para a coordenadora-executiva do Gabinete de Assistência Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Edna Jatobá, Pernambuco entrou, desde 2014, numa espiral negativa na questão de segurança. “O governo não investiu em prevenção à violência, apenas em repressão e encarceramento. Uma hora o modelo satura”, diz.


Segundo ela, é preciso observar o papel transversal original da política pública de segurança. “Acesso a saúde, educação, moradia, atenção aos egressos do sistema prisional, entre outras coisas, também têm impacto na criminalidade.”


Ainda de acordo com Edna Jatobá, a sociedade tem que estar presente para auxiliar o poder público no processo de decisão. “O que a gente vê hoje é uma combinação explosiva de elementos que podem levar Pernambuco, pela primeira vez, a ter um total de homicídios maior que o registrado até mesmo antes do Pacto pela Vida.”
Em 2006, último ano do governo Jarbas Vasconcelos/Mendonça Filho, houve 4.634 mortes violentas intencionais.

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