Um sonho que se arrasta há quase 10 anos. A tão esperada praça da comunidade do Sítio do Berardo, que deveria ter sido construída no terreno da antiga fábrica de estopas do Zumbi, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, ainda não saiu do papel. A promessa da Prefeitura do Recife é que, com a troca da empresa que realizava a construção e com a retomada das obras, iniciadas nessa quinta-feira (24), o projeto finalmente seja finalizado no primeiro semestre de 2018. Enquanto isso, o enorme paredão, localizado no fim da Avenida Caxangá, relembra os moradores da comunidade diariamente o que era para estar ali e ninguém sabe quando estará.
Tudo começou em 2008, com a desapropriação do terreno da antiga fábrica de estopas pelo então prefeito João Paulo, o que custou na época cerca de R$ 1,5 milhão. A partir disso, através do projeto Orçamento Participativo, onde a comunidade decidia as obras que deveriam ser feitas, eles optaram por serviços de educação, lazer e esportes. O projeto inicial foi montado, que incluía creche, escola, unidade de saúde, biblioteca, centro de assistência social e a praça, que seria o ponto alto de toda a edificação. Em maio de 2013, o CMEI Alcides Teodósio foi inaugurado, e em março de 2014 deveriam começar as obras da praça, que custariam cerca de R$ 5,5 milhões e seriam finalizadas em junho do ano seguinte.
Quase três anos depois, o cenário é o mesmo, o que revolta os moradores da comunidade. Para o técnico em telefonia Ruan Lins, de 25 anos, a falta de uma área de lazer no bairro é revoltante. “A gente precisa pagar por uma quadra de futebol ou até mesmo se deslocar para outros bairros, quando poderia se ter em seu próprio bairro um equipamento de lazer de graça se as obras dessa praça já tivesse finalmente terminado”, desabafa.
Já o técnico de informática John Carlos, de 26 anos, afirma que se deslocar para outros bairros para utilizar equipamentos de lazer é perigoso. “Só vai quem quer briga e confusão. Eu não vou. Mas o que dá raiva é pensar que a gente poderia ter o nosso aqui e evitar essas coisas”, explica. A auxiliar de serviços gerais Ana Fernandes, 41 anos, reclama que as obras paradas deixam o terreno vulnerável, acumulando doenças e perigos. “O mato crescendo nos muros, enroscando nos fios, escorpião aparecendo dentro de casa. Fora o fato de que as pessoas invadem o terreno para usar drogas. Se tivesse uma praça, uma coisa assim, não tinha tanto menino se perdendo para as drogas”, afirma.
O que diz a prefeitura?
Procurada pela reportagem, a Empresa de Urbanização do Recife (URB), responsável pelas obras da praça, afirmou que o projeto necessitou passar por readequações e prevê a construção de anfiteatro com área para exposições e salas de trabalho, área de lazer completa com quadra poliesportiva, quadra de areia, pista de skate, pista de cooper, bicicletário e espaço para ginástica. Ainda segundo a URB, a obra foi relicitada, após a empresa que venceu a primeira licitação desistir do projeto, e deve custar cerca de R$ 5 milhões aos cofres públicos e são recursos do Ministério da Cultura, com contrapartida municipal.