Patrimônio

Forte de Pau Amarelo é transformado em abrigo por usuários de drogas

Tombado como patrimônio nacional, o Forte de Pau Amarelo, em Paulista, teve portas arrombadas e banheiros destruídos

Cleide Alves
Cadastrado por
Cleide Alves
Publicado em 31/08/2017 às 8:08
Foto: Guga Matos/JC Imagem
FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
Leitura:

O Forte de Pau Amarelo, construção do século 18 à beira-mar do município de Paulista, no Grande Recife, teve cinco portas arrombadas e está servindo de abrigo para usuários de drogas. Vestígios da ocupação indevida da edificação, tombada como monumento nacional, estão espalhados nas salas: lixo, latas de cola, pedaços de papelão, cacos de vidro, travesseiros, roupas e fezes humanas. O alpendre, usado como cocheira, está cheio de cocô de cavalo.

De acordo com moradores do bairro de Pau Amarelo, vândalos roubaram telhas do prédio e destruíram a louça sanitária dos banheiros. Nas salas ocupadas faltam lâmpadas de luminárias e interruptores de luz, as paredes estão cobertas de lodo e infestadas de cupins, há plantas descendo pelos caibros apodrecidos e quebrados do telhado. “Estamos morrendo de vergonha da situação”, declaram comerciantes das proximidades do forte, que preferem não se identificar.

Foto: Guga Matos/JC Imagem
O Forte de Pau Amarelo, à beira-mar de Paulista, é uma construção do século 18 - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
A edificação histórica, em Pau Amarelo, é tombada como monumento nacional desde 1938 - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Sem limpeza regular, folhas de árvores se acumulam na entrada do Forte de Pau Amarelo - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Há quatro anos a Prefeitura de Paulista promete fazer a obra de restauração do Forte de Pau Amarelo - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Por falta de vigilância, vândalos arrombaram as portas de salas do Forte de Pau Amarelo, em Paulista - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Lixo, cacos de vidro e fezes humanas estão espalhadas nas salas do Forte de Pau Amarelo - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Alpendre do Forte de Pau Amarelo, em Paulista, é usado como cocheira de cavalo - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Prefeitura não faz a manutenção do prédio. Telhas e caibros estão quebrados - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Canhões de ferro e paredes do primeiro pavimento do Forte de Pau Amarelo estão sempre pichados - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
O terraço no primeiro pavimento do forte também encontra-se cheio de cacos de vidro - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Árvores e mato estão crescendo no telhado do Forte de Pau Amarelo, no Grande Recife - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
A parede do Forte de Pau Amarelo, pintada em 2016, está coberta de pichações - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Além de arrombar as portas e destruir os sanitários, vândalos estão roubando telhas do forte - Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem
A fortificação do século 18 poderia abrigar eventos culturais, defendem moradores de Paulista - Foto: Guga Matos/JC Imagem

 

A fortificação, afirmam comerciantes e moradores, vem se deteriorando nos dois últimos anos, com pichações nas paredes e nos seis canhões de ferro do primeiro pavimento. Anteontem pela manhã, folhas de árvores cobriam a rampa de acesso ao piso superior e a grama na frente da prédio. “Casa suja não é problema de falta de verba, é o descaso e o abandono com o patrimônio”, acrescenta um dos comerciantes. “A prefeitura não limpa o forte.”

FALTA VIGILÂNCIA

“Arrombaram as portas e levam as telhas porque não há guardas. Quando o prédio era vigiado por guardas municipais, isso não acontecia”, ressalta Elano Marques da Silva Filho, pescador e morador do bairro. “Muita gente não percebe a riqueza do Forte de Pau Amarelo, pensa que é só um pedaço de pedra, mas isso aqui é cultura, é a nossa história”, diz ele. “Seria ótimo se colocassem feirinha típica e lojinhas de artesanato no forte”, sugere.

Pescador e vizinho do Forte de Pau Amarelo há 60 anos, Diogo Correia da Silva também propõe o uso cultural para a edificação. “O forte aberto seria uma atração para Paulista, mas até a placa contando a história dele foi destruída. Ninguém consegue ler mais nada”, observa Diogo Correia. “Toda sexta-feira o pátio do forte fica cheio de carro, de gente que vem tomar caldinho nos bares. As pessoas fotografam essa sujeira com o celular”, comenta.

Segundo o secretário de Turismo e Cultura de Paulista, Fabiano Mendonça, o município está elaborando o projeto de recuperação do Forte de Pau Amarelo. O estudo preliminar foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) há 15 dias, mas falta detalhar a obra. “Vamos fazer o trabalho em duas etapas, começando pela fortificação. A segunda fase contempla o ordenamento da área em volta, ocupada irregularmente por bares”, avisa.

SEM PRAZO

O secretário ainda não sabe o valor da obra nem o tempo necessário para execução. “Estamos definindo”, afirma. Os recursos, diz ele, podem ser do município, dos governos federal ou estadual ou da iniciativa privada. “Vamos bater nessas portas. As possibilidades de captação são imensas.” Em outubro do ano passado, Fabiano Mendonça prometeu começar em 30 dias a obra de recuperação do forte. Nada foi feito.

Ele informa que a proposta de levar a Secretaria de Turismo para o Forte de Pau Amarelo e ocupar as salas com centro de informações turísticas, casa de artesanato e exposições de artistas locais está mantida. Sobre a falta de guarda no imóvel, o secretário alega que “no momento não temos como botar vigia porque os guardas municipais trabalham desarmados e precisamos preservar a integridade física deles.” A limpeza, garante, seria realizada nos próximos dias.

“É importante dar um uso a Forte de Pau Amarelo e orientamos a prefeitura nas intervenções sugeridas, como instalação de coberta de proteção contra o sol, climatização de salas e ampliação de banheiros”, declara Renata Borba, superintendente do Iphan em Pernambuco.

Últimas notícias