Prefeitura do Recife e governo do Estado estão discutindo a criação de zonas próprias para o comércio informal na Avenida Agamenon Magalhães, uma das principais vias do Recife, e que separa a área central da Zona Norte da cidade. A ideia faz parte do plano – iniciado no dia 29 de agosto pela Polícia Militar – para ordenar os 97 ambulantes que trabalham no local e evitar a ação de criminosos que se infiltram entre os trabalhadores para praticar roubos nos semáforos, especialmente nos horários de pico.
A medida prevê a divisão da avenida em espaços onde a comercialização de produtos como água, refrigerante e pipoca seria permitida. Em outras, por consequência, seria estabelecida a proibição.
“É uma medida implantada com muito sucesso em Medellín, na Colômbia, e cuja viabilidade estamos estudando”, comenta o secretário municipal de Segurança Urbana, Murilo Cavalcanti. A definição das áreas será discutida entre a Secretaria de Defesa Social (SDS) e a prefeitura, através da própria Secretaria de Segurança Urbana e a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc). “A questão da Agamenon é um problema social sério e precisa ser tratado por vários atores do poder público”, afirma.
O reforço no patrulhamento do local foi anunciado no último dia 30 de agosto pela Polícia Militar (PM). Segundo dados da própria corporação, 60 pessoas foram presas por delitos cometidos no local entre janeiro e julho deste ano. No mesmo período de 2016, o número foi de 57 ocorrências.
REFORÇO
Para reforçar a segurança ao longo dos cinco quilômetros de extensão da avenida, a PM deslocou militares de todos os batalhões do Grande Recife para incrementar os efetivos do 16º e 13º batalhões, que são responsáveis pelas áreas que margeiam os dois sentidos da Agamenon. A operação também conta com o reforço de unidades especializadas como Batalhão de Choque e Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma).
Enquanto isso, os ambulantes que sobrevivem das vendas que fazem na avenida continuam enfrentando problemas para ganhar o pão de cada dia. O principal é a desconfiança por parte dos condutores. “Nem para a gente que é mulher querem mais abrir o vidro”, reclama uma delas, pedindo para não ser identificada. “Há duas semanas a polícia esteve aqui, tirou fotografias nossas, pediu documentos e fez um cadastro. Mas a gente sabe que não é nada para regularizar nossa situação”, completa.
A comerciante contraria o levantamento da própria polícia e diz que o período mais propício à incidência de assaltos é a manhã do sábado. “É quando não tem nenhum policial por aqui e eles aproveitam para roubar à vontade”, ressalta.