Disparidade

Assaltos a ônibus: sindicato contabiliza 3.025 e SDS registra 1.129

Entidade diz fazer levantamento no local, já o governo contabiliza as ocorrências registradas

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Publicado em 05/10/2017 às 22:56
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Entidade diz fazer levantamento no local, já o governo contabiliza as ocorrências registradas - FOTO: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
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No mesmo momento em que os rodoviários paravam o trânsito do Centro do Recife, nesta quinta, em protesto contra o aumento nos assaltos a ônibus, o governador Paulo Câmara comemorava, em entrevista à Rádio Jornal, a redução desse tipo de ocorrência. A diferença na abordagem do tema vai além do cargo de cada um. Pelo levantamento do Sindicato dos Rodoviários, houve 3.025 assaltos a ônibus este ano, até anteontem. Já as estatísticas da Secretaria de Defesa Social (SDS) registram 1.129 ocorrências de janeiro a setembro, ou seja, menos de metade.

A disparidade é amenizada pelo governador. "A força-tarefa para acompanhar os principais trechos (de assalto) ocorre. Independente da metodologia, eu tenho certeza que houve diminuição, a própria população elogiou isso", declarou. “Essa força-tarefa está agindo nos corredores. Houve planejamento para entrada dos policiais nesses corredores e isso vai continuar. Você vai ver que essa dinâmica, ela não é fruto de 15 dias, ela vai durar permanentemente e vai influenciar não só os CVLIs (homicídios) como crimes contra o patrimônio".

Conforme o presidente do sindicato, Benílson Custódio, o levantamento da entidade é feito com informações dos rodoviários, confirmadas pessoalmente pela diretoria. Segundo ele, motoristas e cobradores são orientados a só registrar a ocorrência quando é levada a renda do coletivo. Uma informação que, inclusive, já foi repassada ao JC pela própria assessoria de imprensa da SDS em dezembro passado.

“E não é só isso, ainda esta semana houve um assalto na Várzea em que o cobrador foi esfaqueado na mão. O motorista levou o ônibus à Delegacia de Jardim São Paulo para registro da ocorrência e mandaram ele ir para a de Boa Viagem, alegando que já eram 18h. Resultado: não houve registro”, afirma Benílson.

INCONSISTÊNCIA

O coordenador da Força-Tarefa de combate aos assaltos a ônibus pela Polícia Civil, delegado Joel Venâncio, contesta os dados do sindicato. “Deve ter inconsistência, não é possível um número tão alto”, diz. “Não sei que critério utilizam. Mas não temos interesse em esconder números e sim em apurar os casos. Tanto que já prendemos 126 pessoas envolvidas em assaltos a ônibus este ano”.

Ele informa estar à disposição do sindicato para discutir metodologia. E diz que as polícias estão trabalhando não só com a fiscalização, investigação e prisão dos envolvidos. “Também padronizamos os boletins de ocorrência e exigimos que trocassem as câmeras dos ônibus por equipamentos de melhor resolução”.

Por outro lado, o delegado salienta que os números do mês de setembro ainda são preliminares, pois só são fechados no dia 15, portanto, a redução de 45% citada pelo governador (e de 52% em relação a agosto, que teve 151 casos) pode não se confirmar. Apesar de reconhecer a possibilidade de subnotificação, o delegado afirma que as empresas são orientadas a registrar todas as ocorrências, inclusive quando apenas os passageiros são assaltados.

USUÁRIOS RECLAMAM

Conflitos numéricos à parte, usuários de coletivos reclamam da insegurança que resultou no quarto protesto dos rodoviários este ano, com direito a bolo e velas com o número 3.000. “Fui roubada dentro de um ônibus da linha Rio Doce/Príncipe faz 25 dias. Era um casal com uma faca, roubou todos os passageiros. Sonho com o homem puxando minha bolsa todo dia, traumatizei”, relata a dona de casa Mônica do Nascimento, de 49 anos.

“A gente anda com medo, desconfiado, é um clima de terror. E não vemos policiamento”, afirma o autônomo Israel Almeida, 55. O aposentado José Cícero da Silva, 66, reforça: “Esses policiais novos foram todos para o interior, era só fantasia”.

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